Força-tarefa discute padrão internacional para transformar etanol em commodity

10/02/2008 - 10h06

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A força-tarefade técnicos do Brasil, dos Estados Unidos e da UniãoEuropéia criada para definir um padrão internacionalpara o etanol já concluiu e divulgou no início do mêsa primeira etapa do trabalho de harmonização dasespecificações técnicas do produto. Essa padronizaçãoobjetiva facilitar o comércio internacional do produto,dando-lhe padrão mundial com possibilidade de se tornar umacommodity (produtoprimário negociado em bolsas de mercadorias).O consultor dequalidade do Grupo Única (União da Industria daCana-de-Açúcar), José Felix Silva, representante dosprodutores brasileiros na força-tarefa, disse que nasavaliações que vêm sendo feitas háconsenso sobre a maioria das especificações emdiscussão, embora ainda haja discordância sobre opercentual de água presente no etanol.“Foi feita umaavaliação sobre todas as especificações ehouve acordo sobre a maioria delas. Embora ainda haja algumaspendências, o único item ainda não acordado éo que diz respeito ao teor de água no etanol”.Segundo JoséFelix, enquanto os Estados Unidos defendem um teor de água noetanol em torno de 1%, e o Brasil em cerca de 0,5%, os paísesda União Européia querem limitar este teor de águapresente no álcool a apenas 0,24%.“Este valor defendidopelos europeus é muito baixo e pode significar uma reduçãona produção brasileira de etanol, porque nósseremos obrigados a retirar mais água e aí se perde,segundo nossas estimativas, em torno de 7% da produçãototal de álcool do produto no país, hoje em torno de 14bilhões de litros, e seriam, portanto, de dois a trêsbilhões de litros a menos na nossa produção”,explicou.Apesar da expectativade que se possa chegar a um acordo ainda este ano sobre a questãodo teor da água no etanol, o técnico lembra que o grupode trabalho criado pelo Brasil, Estados Unidos e UniãoEuropéia não estipulou um prazo para a conclusãodas negociações.Ele informa que nopróximo dia 13 de março o documento divulgado no iníciodo mês pelos principais países produtores e exportadoresserá apresentado aos outros possíveis parceiros nonegócio de etanol, como a Índia e a África doSul.Das 15 especificaçõesexaminadas, oito são compatíveis aos trêsmercados, entre as quais a densidade e o teor de enxofre, de cobre ede aço, enquanto seis são distintas.A partir de agora, ogrupo vai trabalhar para alinhar os diferentes padrões,harmonizar as especificações técnicas e avaliarcustos. Os problemas gerados apartir da não uniformização da qualidade doetanol vão desde a dificuldade na logística dearmazenamento e distribuição até a possibilidadede contaminação (mistura) do produto.