Oposição define na próxima semana estratégia para investigar cartões corporativos

06/02/2008 - 19h38

Marcos Chagas e Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília (Brasil) - O PSDB e o DEM definirão na próxima semana sua atuação no processo de investigação das denúncias de uso irregular dos cartões de crédito corporativo por autoridades do governo e servidores federais. Hoje (6), na abertura dos trabalhos legislativos, o governo propôs a investigação desses gastos nos últimos dez anos. O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), disse que pretende reunir as oposições na segunda-feira (11) "para unificar as ações, combater e denunciar qualquer tentativa de fraudar as apurações". Em nota à imprensa, acrescentou que irá ao Supremo Tribunal Federal (STF) com duas ações, uma delas "de caráter pessoal": o parlamentar quer que o governo informe quanto ele gastou com cartão corporativo no período de novembro de 2001 a abril de 2002, quando exerceu o cargo de ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República.A outra ação pede o esclarecimento de todas as despesas efetuadas com cartões corporativos pelo atual governo. "Como bem assinalou o ministro Marco Aurélio de Mello, o povo tem o direito de saber como é gasto o dinheiro público", afirmou.Já o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), disse que o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), pretende jogar "uma cortina de fumaça" nas investigações, com o requerimento apresentado hoje: "Nós desconfiamos, porque muitos senadores que assinaram o requerimento retiram a assinatura barrando a CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito]. Basta uma ordem do governo."Ele lembrou que a oposição, no Senado, tem no mínimo 30 assinaturas para garantir a CPI e disse que pretende avaliar mais detalhadamente o objeto de investigação do requerimento apresentado por Jucá. "À primeira vista não há um foco determinado, o que inviabilizaria a aprovação pela Mesa Diretora", ressaltou o senador do DEM, para quem a oposição pode fazer um adendo ao requerimento de Jucá, "corrigindo eventuais equívocos". Já Renato Casagrande (ES), líder do PSB no Senado e integrante da base governista, disse considerar que a decisão de Jucá representa a compreensão do Executivo "de que o assunto é grave". Acrescentou que "é fundamental que haja a investigação e a única maneira de responder politicamente à sociedade e ao Congresso é por meio de uma CPI".Casagrande disse ainda que a CPI, neste caso, não é o melhor instrumento de investigação, "mas responde melhor politicamente". Quanto requerimento de investigações, considerou que coloca o governo "na iniciativa de punir quem tiver cometido qualquer ato ilícito no uso do cartão, buscando inclusive informações sobre o governo passado".De acordo com Renato Casagrande, "oposição que é oposição não pode ter medo de investigação". A opinião é compartilhada pelo presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), para quem os oposicionistas não podem ser contrários a algo que reivindicavam.