Discussão sobre cartões corporativos marca volta das atividades do Congresso

06/02/2008 - 16h18

Priscilla Mazenotti, Marcos Chagas e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - O Congresso Nacionalreabre as atividades legislativas em meio à polêmicasobre a criação de uma comissão parlamentar deinquérito (CPI) para investigar o uso de cartõescorporativos. Os partidos de oposição seguem com aintenção de coletar número de assinaturasnecessário para a criação da CPI.O líderdo DEM na Câmara dos Deputados, Onyx Lorenzoni (RS), disse quecomeça hoje (6) a coletar assinaturas para uma CPI mista,formada por deputados e senadores. São necessárias 171na Câmara e 27 no Senado.Onyx garantiu que a CPI seráfeita "de qualquer jeito". "Aqui na Câmara, danossa bancada de 58 deputados, dá para coletar 50assinaturas”, afirmou. “Caso na Câmara a oposiçãonão consiga as assinaturas suficientes, o senador DemóstenesTorres [DEM-GO] disse que vai coletar assinaturas no Senado.De preferência, queremos uma CPI Mista, mas se não forpossível, vamos fazê-la no Senado."Aintenção de criar a CPI dos cartões corporativosé compartilhada pelo líder do PSDB na Câmara,Antônio Carlos Pannunzio (SP). Ele disse que PSDB e DEM devemse reunir ainda hoje para discutir a coleta de assinaturas."Um dos papéisque competem ao Congresso é o de fiscalizar os atos doExecutivo. Quando, comprovadamente, o Executivo vem gastandomontanhas de recursos com os cartões ano após ano,gastos crescentes, em quantidades crescentes e com descontrole totalsobre o tipo de gasto, é absolutamente necessário quese faça uma CPI que investigue e se indiquem providênciasque devem ser tomadas para não termos a continuaçãodesse mau uso do cartão corporativo", disse.Mesmoparlamentares da base do governo se mostram favoráveis àcriação da CPI. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disseque não se opõe à criação de umacomissão para investigar o caso. "Analisei que houveabuso de procedimento e me surpreendi. Pelo que entendi, o cartãofoi criado para gastos de emergência, de maneira módicae adequada. Gastos que não estejam sendo justificados comoatos inerentes à atividade me parece inadequado",afirmou.Segundo o líder do PSB no Senado, RenatoCasagrande (ES), a situação do governo "égrave", mas é preciso que sejam adotadas medidaspreventivas quanto ao uso dos cartões corporativos. "ACPI não é o melhor caminho para se investigar os gastoscom cartão corporativo porque vai virar uma questãopolítica", disse. "Se o governo adotar todas asmedidas preventivas, a CPI perde força."SegundoCasagrande, o sigilo nos gastos do governo deve ser "mais bemjustificado". "O sigilo por si só é umargumento perneta. É hora de o governo colocar seus gastos empratos limpos e ter transparência", disse o senador, que éde um partido da base do governo.O corregedor-geral doSenado, Romeu Tuma (PTB-SP), também defendeu o melhor uso daschamadas "verbas secretas". "Tem de definir o que éverba secreta e quem vai fiscalizar", disse. "Se o governoproíbe a publicação do uso dessas verbas,endossa a criação da CPI", completou.