Segundo subsecretário, investimentos do PAC em portos privilegiam logística

21/01/2008 - 21h48

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Tudo é logística. É assim que o subsecretário de Planejamento e Desenvolvimento Portuário da Secretaria Especial de Portos da Presidência da República, Carlos La Selva, define o objetivo das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nos portos brasileiros, setor que movimenta cerca de 96% de toda a mercadoria importada e exportada do país.“Porto é uma estrutura logística muito complexa, não é simplesmente ter um cais onde atraca um navio”, afirmou o subsecretário em entrevista à Agência Brasil. La Selva explicou que além de ter espaço para receber os navios que chegam com carga, é necessário ter o maquinário para carregar e descarregar os navios, área para estocar as mercadorias, o que ele chama de retro-área, além de rodovias e ferrovias que possibilitem a saída e a chegada da carga por via terrestre.“Ficamos muitos anos sem investimentos em portos, essa é que é a grande realidade”, diz La Selva. Para o subsecretário, os portos tinham capacidade ociosa e, por isso, davam conta da demanda existente: “Hoje, estamos numa posição de gargalo”.O primeiro ponto de logística destacado por La Selva é como receber os caminhões com mercadorias, carregar e descarregar os navios. “Cada contêiner tem uma posição certa pra ir, tem uma ordem logística para colocar no navio”, explica. Essa ordem depende de quem vai sair primeiro do navio no próximo destino e influencia a definição de que caminhões descarregam primeiro.“Por que tinha filas imensas no porto de Santos (SP)? Porque você tem que coordenar essas coisas e estava tudo sendo feito a olho”, alega o subsecretário.O segundo ponto que Carlos La selva destaca é a dragagem dos portos, ou seja, a retirada de areia do fundo do mar para permitir que navios maiores tenham acesso ao porto. “O principal projeto atualmente é a dragagem de aprofundamento e manutenção dos portos”, explica. Os recursos da secretaria disponíveis para as obras chegam a R$ 1,2 bilhão.Outra área que está sendo privilegiada pela Secretaria Especial de Portos, de acordo com Carlos La Selva, é a gestão dos portos públicos, administrados pelas Companhias Docas. “A cara dos portos vai mudar”, afirmou. Segundo o subsecretário, as diretorias de todos os 34 portos foram modificadas e entregues a técnicos, sem indicação política.Até recentemente, segundo La Selva, os portos costumavam ser “antros políticos muito fortes”. “Por isso o porto também não andava, não tinha interesse nenhum em administrar o porto”, ressalta. Esses novos administradores devem ter, com a mudança no modelo de gestão, metas a cumprir, modelos a seguir e serão cobrados. “Não é só o PAC que vai resolver o problema; eu acho que ações institucionais estão sendo muito mais positivas do que as ações obras”, conclui.