Queda nas bolsas asiáticas não representa motivo de preocupação, avalia economista

21/01/2008 - 14h57

Cilene Figueredo
Da Agência Brasil
Brasília - A queda nas bolsas asiáticas em reação às medidas propostas na sexta-feira (18) pelo presidente norte-americano, George W. Bush, para evitar uma recessão na economia dos Estados Unidos não representa motivo para susto. A avaliação é do economista Francisco Eduardo Pires de Souza, do Grupo de Conjuntura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).Em entrevista hoje (21) ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional, o especialista afirmou que provavelmente haverá queda na taxa de juros dos Estados Unidos. Isso, segundo ele, amenizará a crise no país e estimulará o fluxo de capitais para outras partes do mundo, o que ajudará a conter a queda nas bolsas. A bolsa de Tóquio terminou o dia em baixa de 3,8%. A queda foi de 5,1% em Xangai e de 5,5% em Hong Kong.Na sexta-feira, Bush propôs ao Congresso norte-americano que aprove um pacote de cortes de impostos e ajuda direta ao consumo no valor de cerca de US$ 140 bilhões, o que equivale a 1% do Produto Interno Bruto dos Estados Unidos.Apesar do alívio que as medidas apresentadas por Bush podem trazer, Pires de Souza avalia que a crise econômica americana certamente provocará desaceleração na economia mundial. Ele, no entanto, diz que o leste asiático pode amenizar o impacto da turbulência financeira internacional.“Em 2001 [após os ataques de 11 de Setembro], os Estados Unidos entraram em recessão, o mundo desacelerou um pouco, mas a China continuou crescendo 8% ao ano, um pouco menos do que hoje”, afirmou o economista. “A China ou outra economia asiática contrabalançam, em parte, o impacto negativo da recessão nos Estados Unidos.”Em relação ao Brasil, o especialista da UFRJ declarou que o país está menos vulnerável às crises internacionais. Um dos motivos, segundo ele, é a diversificação do destino das exportações brasileiras. No ano passado, ressaltou, as vendas do Brasil para os Estados Unidos cresceram menos de 2%, enquanto as exportações para o restante do mundo aumentaram em maior proporção.Segundo Pires de Souza, o próprio desempenho da economia brasileira no segundo semestre de 2007 indica que o país está descolado em relação às turbulências externas. “Até alguns anos atrás, as crises internacionais afetavam demais o país, mas hoje o Brasil não é tão dependente dos Estados Unidos”, destacou. “Apesar de a crise americana ter começado em agosto, economia brasileira encerrou 2007 com crescimento de 5%.”