Missão de paz no Haiti pretende aumentar para 14 mil efetivo policial no país

21/01/2008 - 17h49

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em sua primeira visita oficial ao Brasil, o representante especial do Secretário-Geral das Nações Unidas (ONU) no Haiti, o tunisiano Hédi Annabi, destacou que um dos objetivos da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) para os próximos cinco anos é aumentar o efetivo policial do país de 8 mil para 14 mil policiais. Apesar de a missão ter sido estendida por apenas mais um ano (até 15 de outubro de 2008), Annabi acredita que o Conselho de Segurança da ONU deverá prorrogar mais vezes a missão."Uma vez melhorada a situação de segurança, o Conselho de Segurança das Nações Unidas decidiu que é hora de reconfigurar a Minustah, reduzindo o número de tropas militares e aumentando o de policiais", destacou Annabi. Segundo ele, as gangues mais perigosas do país já foram desmanteladas.Além de aumentar o efetivo policial, o representante da ONU também destacou o envio de contingentes militares às fronteiras do país. De acordo com Annabi, esse foi um pedido do atual presidente haitiano, René Prèval, para quem o controle das fronteiras terrestres e marítimas do país é considerada prioridade em seu governo. Haiti, ressaltou o diplomata, perde entre US$ 150 milhões e US$ 250 milhões por ano pela falta de controle nas fronteiras.O secretário afirmou que há contingentes militares nas fronteiras terrestres. Nas próximas semanas, ele confirmou que serão enviadas tropas aos dez portos mais importantes nas áreas costeiras do Haiti e, num futuro próximo, a idéia será manter 17 embarcações operadas por militares e policiais haitianos no controle fronteiriço.Por último, o secretário enfatizou que a Minustah é uma operação de manutenção da paz que envolve ações nas áreas de segurança e estabilização, e não uma agência de desenvolvimento. Ele, no entanto, disse que é intenção da ONU ajudar na reconstrução do país para que a paz alcançada seja sustentável."Não trabalhamos como uma agência de desenvolvimento, mas trabalhamos com os nossos engenheiros para ajudar o país em suas necessidades básicas, como a reconstrução das estradas, por exemplo". Segundo ele, nos últimos três anos foram implementados 400 projetos de impacto rápido, ao custo de US$ 4 milhões.Sobre o tempo que a Minustah deverá ficar no Haiti, Annabi disse que deverá ser o suficiente para que a missão de paz não tenha de voltar ao país. A ajuda militar oferecida pelo Brasil (mais de 1,2 mil soldados) também foi elogiada pelo secretário. "O Brasil é o pilar principal que apóia a missão e as tropas brasileiras que fazem parte da Minustah têm feito um trabalho realmente incrível no país", disse.O representante especial do Secretário-Geral das Nações Unidas no Haiti reuniu-se hoje (21) com o comandante do Exército Brasileiro, Enzo Peri, com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e com o chanceler brasileiro, Celso Amorim. Ainda hoje o secretário terá reunião com o comandante da Marinha, Júlio Soares Neto.Amanhã (22) Annabi profere palestra às 9h aos alunos do Instituto Rio Branco e, em seguida, viaja para o Rio de Janeiro, onde participará de encontro da Fundação Getulio Vargas sobre o programa de cooperação Brasil–Haiti na área de biocombustíveis. Visitará, ainda, o Centro de Instrução de Operações de Paz do Exército Brasileiro (Ciopaz) e o Comando-Geral dos Fuzileiros Navais. A visita oficial ao Brasil se encerra na quinta (24).