Ana Paula Michnik
Da Rádio Nacional da Amazônia
Brasília - Um projeto itinerante tentará contribuir para a diminuição do escalpelamento que atinge, principalmente, as mulheres de comunidades ribeirinhas da região amazônica. A intenção do Projeto de Erradicação do Escalpo é diminuir os acidentes com ações de orientação, educação, prevenção, tratamento médico, cirurgias reparadoras e estéticas e o tratamento psicológico das vítimas. O escalpelamento acontece por causa da falta de segurança nas embarcações. Como os motores dos barcos não são apropriados para a navegação, ficam fixados no meio do veículo. Para transferir a força do motor para a hélice, que fica na parte traseira, é preciso a utilização de um eixo. O problema é que esse eixo fica exposto e gira a uma velocidade de 1800 rotações por minuto. Um pequeno descuido e os cabelos podem se enroscar ao eixo e arrancar todo o couro cabeludo, parte da pele do rosto e orelhas. O projeto pretende realizar nove ações itinerantes nas regiões que registraram mais número de casos. Cinco dessas ações serão realizadas no Pará. O estado apresenta os maiores índices de escalpelamentos totais e parciais, em 62 dos 143 municípios. O objetivo é beneficiar 1 milhão de pessoas. As vítimas serão orientadas por meio de informativos impressos sobre os seus direitos e a população, sobre o alto grau de perigo dessas embarcações. A defensora pública e coordenadora do projeto, Luciene Strada de Oliveira, afirma que as vítimas sofrem preconceito e que o projeto poderá reintegrá-las à sociedade. "Existe realmente, infelizmente, a discriminação, por que as pessoas não entendem e não sabem exatamente a forma como acontece o acidente, contudo, as pessoas vêem algumas delas com deformações. Nós estamos tentando resgatar a auto-estima dessas vítimas do escalpelamento. De que forma? Reintegrando-nas na sociedade", diz a defensora. Entre abril e dezembro de 2006 foram atendidos 648 casos de escalpo parcial e 80 casos de escalpo total no Brasil.