Mães de São Paulo consideram creches públicas privilégio e não exigem educação

19/01/2008 - 10h42

Paloma Santos
Da Agência Brasil
Brasília - Grande parte das mães com filhos matriculados em creches públicas se considera privilegiada e valoriza mais os cuidados com relação à saúde das crianças do que as atividades educacionais. A conclusão é de um estudo conjunto da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade de São Paulo (USP). A pesquisa avaliou a percepção de mães e educadoras sobre o atendimento em cinco creches públicas do estado de São Paulo. Segundo uma das autoras do artigo, Cláudia Maria Bógus, professora-doutora da Faculdade de Saúde Pública da USP, os fatores que as mães mais dão relevância são alimentação, medicação e outros cuidados relacionados à saúde. “Elas consideram isso cuidados mais básicos”, avaliou. Outro fator que explica esse comportamento, de acordo com a professora, é o baixo número de creches públicas se comparado à demanda. “As mães que conseguem ser atendidas nas creches acreditam que isso é quase um privilégio. E isso faz com que a exigência delas seja menor do que o que poderia ser, se encararmos isso como um direito social.” De acordo com a  Lei de Diretrizes e Bases, de 20 de dezembro de 1996, é dever do Estado garantir atendimento gratuito emcreches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade.  Pela norma, o objetivo principal das creches é fornecer educação infantil. Além disso, depois da regulamentação, as creches públicas passaram do âmbito das Secretarias de Assistência Social para as Secretarias de Educação. Para a professora da USP, os direitos garantidos pela Lei de Diretrizes e Bases são desconhecidos pelas mães. “Ainda é um direito social a ser conquistado”, acrescentou. Outro agravante, segundo Cláudia, é o estado precário em que as creches se encontram. As más condições de trabalho e o númeroreduzido de profissionais, de acordo com a pesquisa, são as principais queixas das educadoras.“Elas [as professroas] têm consciência da importância das atividades que elas desenvolvem, mas as condições de trabalho dificultam o cumprimento de todo atendimento adequado”, afirmou.