Associação descarta contaminação do mercado de crédito imobiliário brasileiro

17/01/2008 - 17h32

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Números divulgados hoje (17) pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) revelam que o mercado de crédito imobiliário brasileiro atingiu, no ano passado, 195,98 mil unidades habitacionais financiadas e superou em 72% o volume registrado em 2006. O crédito aplicado no período totalizou  R$ 18,3 bilhões, com aumento de 96% sobre o ano anterior. O número de moradias financiadas é o segundo maior desde 1982, quando foram financiadas 258 mil moradias. 

Com esse cenário, o diretor geral da Abecip, Osvaldo Correa Fonseca, avaliou que dificilmente o mercado de crédito  imobiliário do Brasil poderá ser afetado pela crise norte-americana: “Eu não vejo essa condição.” Ele lembrou que os financiamentos estavam parados, "em função da insegurança jurídica", até 2004, quando foi editada a Lei nº 10.931.

Para os mutuários, foi criado o patrimônio de aceitação, mostrando que o risco de uma empresa financiar um empreendimento problemático e contaminar os outros deixava de existir na hora em que os recursos eram segregados e ficavam para aquela obra determinada. A medida reduziu a inadimplência e o mercado saiu de um crescimento de R$ 2 bilhões por ano financiados para R$ 18,3 bilhões em 2007, somente com recursos da caderneta de poupança. “E prevendo financiar R$ 24 bilhões em 2008”, disse Fonseca, ao acrescentar que a esse número deverão se somar R$ 34 bilhões a serem concedidos para habitação por meio do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

"Os números ainda são reduzidos para o tamanho do Brasil, se comparados com os do México ou do Chile, por exemplo", informou. Para Fonseca, o país precisa de crescimento interno. E essa expansão deve ser promovida pela indústria da construção civil, que tem mão-de-obra e materiais produzidos no país: “Não vejo gargalo para 2008, não há motivo para uma preocupação de não-crescimento.”

No mercado norte-americano, informou, a situação é diferente, em especial no que se refere ao grupo de clientes denominado subprime, de empréstimos hipotecários, sem destinação, onde eram praticadas taxas de juros de 23% a 24% ao ano – para a compra do imóvel, os juros eram de 7% a 8%. Ele explicou que "poucos bancos americanos se dirigiam ao grupo subprime para ganhar muito dinheiro e faziam elevadas provisões de recursos para  prevenir uma possível inadimplência". No Brasil, lembrou, não existe empréstimo hipotecário. “Aqui é compra e venda de habitação, e construção de moradias. E não há chance de contaminação: primeiro, porque nós somos muito pequenos; segundo, porque o investidor do setor imobiliário no Brasil é consolidado, enquanto nos Estados Unidos ele funciona mais como especulador, ele entra e sai”.