Sindicalista diz que demissões em Furnas podem comprometer fornecimento de energia

16/01/2008 - 14h41

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A possível demissão dos 4,3 mil funcionários terceirizados de Furnas Centrais Elétricas - determinada por decisão judicial - poderá contribuir para que ocorra um novo "apagão" no país. A avaliação foi feita pelo diretor do Sindicato dos Trabalhadores de Energia do Estado do Rio de Janeiro (Sintergia-RJ), Carlos Arthur Coelho.

Em entrevista à Agência Brasil, o sindicalista, que também é vice-presidente da Associação dos Funcionários Contratados de Furnas, afirmou que o desligamento dos funcionários terceirizados vai tirar pessoal qualificado de postos-chave, que ficarão sem substituição no curto prazo.

“Tenho certeza que vai haver o 'apagão', porque é humanamente impossível que os 2,5 mil trabalhadores que ficarão possam tomar conta de toda a empresa, envolvendo não só os empreendimentos que têm de ser tocados, como também os setores de operação, transmissão, geração”, afirmou.

O diretor do Sintergia-RJ reiterou que o movimento grevista iniciado ontem (15) deverá continuar nos dias 22 e 23 deste mês, estendendo-se ainda para os dias 29, 30 e 31. O sindicalista disse que os empregados de Furnas vão ficar “aguardando uma posição do governo com relação a essas demissões”.

Ele contestou a decisão da 8ª Vara de Trabalho de Brasília, que determinou a demissão dos terceirizados no prazo de 30 dias, para preenchimento dos cargos por concursados que comporiam um cadastro de reserva de 9 mil vagas. O descumprimento  da decisão implica em pagamento de multa por Furnas no valor de R$ 10 mil por contratado.

Carlos Arthur Coelho explicou que os contratados foram efetivados após a promulgação da Constituição de 1988.

“Por conta de uma ação administrativa do Tribunal de Contas da União com Furnas, houve um acordo que efetivou esses trabalhadores”, explicou.

O sindicalista propôs que seja feito um debate público para esclarecer a situação. Ele afirmou que a manutenção dos contratados não inviabiliza a admissão de novos concursados.

“Se esses trabalhadores continuarem, pode-se chamar os concursados, conforme a empresa [Furnas] vem chamando. Ela não deixa de chamar. Agora, nem tudo é de acordo com a vontade dela. É a própria estrutura do governo que tem de responder por isso”.

Coelho lembrou também que existe uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que efetivou trabalhadores da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) que se encontravam nas mesmas condições dos terceirizados de Furnas.

De acordo com cálculos do sindicato, a demissão dos 4,3 mil terceirizados prejudicará, indiretamente, cerca de 15 a 17 mil pessoas, quase todas, familiares dos funcionários.