Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A possível demissão de 4,3 mil funcionários terceirizados de Furnas Centrais Elétricas, se feita de uma só vez, poderá acarretar problemas no setor de energia brasileiro. A análise é do professor da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Emilio La Rovere.
Em entrevista à Agência Brasil, o professor do Programa de Planejamento Energético da Coppe informou que há uma série de circuitos e sistemas no setor elétrico que são automáticos.
Mas advertiu que “quando ocorre algo fora do comum, uma emergência por exemplo, se o quadro [de pessoal] que está na operação não tem alguma experiência, a gente tem histórico no Brasil e no mundo de interrupções de fornecimento eventuais em linhas por causa de manobras que não foram feitas bem e a tempo. Então, certamente, pode haver problemas se isso [decisão judicial] for seguido ao pé da letra”, analisou.
A decisão da 8ª Vara de Trabalho de Brasília é que os empregados terceirizados de Furnas sejam desligados no prazo de 30 dias.
Para La Rovere, seria importante que o Judiciário reformulasse sua decisão no sentido de fazer um acordo, estabelecendo um cronograma de demissões que não afete funções essenciais.
O professor da Coppe revelou que os problemas para renovação de recursos humanos no setor elétrico já ocorrem há alguns anos.
“Houve, nos governos anteriores, impedimento à contratação. Houve então o apelo à terceirização e isso foi além do que seria desejável na prática da boa gestão empresarial de você ter serviços não-essenciais, não-específicos à atividade-fim da empresa”.
De acordo com La Rovere, essa medida fez com que funções que deveriam ser desempenhadas por funcionários permanentes, contratados para assegurar a experiência e a memória da empresa, fossem ocupados por terceirizados.
Ontem (15), funcionários de Furnas deram início ao movimento grevista que estima paralisações por seis dias, ainda neste mês. A primeiraparalisação, de 24 horas, foi realizada ontem (15). A segunda, de 48 horas,está prevista para os dias 22 e 23. A última, de 72 horas, será entreos dias 29 e 31.