Situação da saúde de índios no Vale do Javari é gravíssima, afirma diretor da Funasa

14/01/2008 - 13h50

Beth Begonha
Repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Brasília - O diretor doDepartamento de Saúde Indígena da FundaçãoNacional de Saúde (Funasa), Wanderley Guenka, afirmou que asituação de saúde dos povos que vivem na TerraIndígena do Vale do Javari, no Amazonas, égravíssima. Segundo ele, a Funasa, sozinha, não é capazde realizar as medidas necessárias para o atendimento dapopulação.Com os índicesmais altos do país de contaminação pelo vírusdo tipo B da hepatite, a região vem sofrendo ainda com umaepidemia de malária. Tanto a hepatite quanto a maláriaatacam diretamente o fígado, e a associação dosdois problemas tem enfraquecido a população e levado aum alto índice de mortes.“É gravíssimo,gravíssimo”, avaliou Wanderlei Guenka, em entrevista aoprograma Amazônia Brasileira, da RádioNacional da Amazônia. “Nós não podemosficar com medidas paliativas, foi levado isso ao presidente, nósestamos organizando uma reunião com todas as entidades, porquesó a Funasa não vai dar conta de dar uma assistênciade qualidade no Vale do Javari. Nós temos que reconhecer que,isoladamente, não.”“Nós estamos buscando todosos parceiros para uma solução no Vale do Javari”,disse o diretor da Funasa. Como parceiros indispensáveis, elecitou a Fundação Nacional do Índio (Funai), aprefeitura de Atalaia do Norte, a Secretaria de Saúde doAmazonas, a Secretaria de Vigilância de Saúde doMinistério da Saúde e o Instituto de Medicina Tropical.“Um segundo passo, é fazer essa parceria agora, inclusivecom as Forças Armadas, Marinha e Exército, no sentidode realmente fazer um trabalho de impacto no Javari, nósestamos devendo a esse povo. Nós vamos fazer esse trabalho deimpacto, de investimento na parte estruturante do Vale do Javari”,afirmou.Há anos apopulação pede medidas urgentes para conter o avançoda presença dos vírus das hepatites nas aldeias. Entreaqueles que já foram testados os índices decontaminação são extremamente altos: mais de 80%para o tipo A e acima de 20% para o vírus B. Esse vírusproporciona a sobrevivência no organismo de outro tipo aindamais perigoso, conhecido como delta (D). Também os resultadospara o vírus D entre os testados estão muito acima damédia nacional e dos números considerados aceitáveissegundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).Uma das grandespreocupações dos indígenas é atransmissão vertical do vírus tipo B. Eles temem que atransmissão direta de mãe para filho condene essapopulação ao desaparecimento. Nos últimos anostêm ocorrido mais mortes de jovens e crianças do que depessoas idosas nas aldeias. Uma das medidas para impedir atransmissão é o exame sorológico (que detecta apresença de anticorpos), em que a população étestada para os vírus, o que até hoje nãoocorreu, embora a Funasa já tenha assinado dois termos deajustamento de conduta (TACs) com o Ministério Públicocomprometendo-se a concluir o inquérito sorológico emcaráter de urgência.