Preso por porte ilegal de arma, coordenador da reserva Raposa Serra do Sol já está livre

14/01/2008 - 19h34

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Já está em liberdade o coordenador regional da reservaindígena Raposa Serra do Sol, Tuxaua Clodomir Malheiros, que no sábado (12) fora presoem flagrante pela Polícia Federal (PF), por porte ilegal de arma. Malheiros e um grupo de seis indígenas da reservaforam acusados de bloquear o trânsito de pessoas no trecho que interliga asrodovias BR-401 e BR-433, e que dá acesso ao Lago Caracaranã. Segundo osuperintendente da PF em Roraima, Cláudio de Souza,Caracaranã é uma região turística e tradicionalmente procurada neste período de férias. Ele relatou que os indígenas obstruíram a passagem e ainda provocaram tumulto ao atingir com uma flecha umsoldado do Exército."A PF foi acionada depois que esse homem foi ferido.Não foi nada grave e ele já está em casa. Mas além disso, fizemos aprisão em flagrante do Tuxaua Clodomir Malheiros que portava irregularmente um revólver calibre 38 e com munição", contou.O local está dentro da terra indígena e também faz parte domunicípio de Normandia, a cerca de 160 quilômetros da capital, Boa Vista. Depois de prestarem depoimentos, os seis índios foramliberados e Malheiros, levado na manhã de ontem (13) para a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista.O assessor da Casa Civil da Presidência da República, José Nagib,que chefia o comitê gestor para desocupação da terra indígena, informou que Malheiros foi libertado ontem mesmo, com a ajuda do MinistérioPúblico Federal. E que o clima no local já voltou à normalidade. Ele disse esperar agora a regularização da situação entreíndios e não-índios, iniciada com a homologação da reserva. "Temos que aguardar esse processo de desintrusão. Já estamosfazendo as atividades que vão nos ajudar a implementar o projeto dedesenvolvimento sustentável para a região com os indígenas – e que deveser realizado com o apoio dos municípios e dos governos estadual e federal. Odesejo é que isso aconteça o mais brevemente possível", ressaltou.Informações divulgadas pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) na internet apontam que os indígenasestavam no local para fiscalizar o ponto do Lago Caracaranã que,segundo eles, tem sido "contínua e sistematicamente objeto de entradailegal de pessoas não-índias e de agressões contra o meio ambiente, porcausa de promoções turísticas não aceitas e nem administradaspelas comunidades indígenas". Para os indígenas, qualqueratividade que venha a ser realizada dentro da reserva deve ter o consentimento e participação das comunidades. Ainda segundo oCimi, a fiscalização é uma ação comunitária que tem como objetivoevitar a entrada de bebida alcoólica na região, conscientizar sobre oscuidados com o meio ambiente e fortalecer a garantia do direito àterra, homologada em abril de 2005. O bloqueio da estrada ocorreu paralelamente ao segundo dia da festada colheita anual de arroz, realizada todos os anos pela Associação dosArrozeiros de Roraima. A presença dos rizicultores na reservaconfigura-se atualmente como o principal entrave para a efetivação doprocesso de desintrusão dos não-índios, já que parte dosfazendeiros e produtores que se mantêm no local não concorda com aproposta do governo federal para deixar a área.