Mylena Fiori
Enviada especial
Cidade da Guatemala (Guatemala) - A caminho de Cuba, onde terá agenda intensa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará uma visita de poucas horas à Guatemala hoje (14). Ele participará da cerimônia de posse do novo presidente guatemalteco, Álvaro Colón. É a segunda vez que Lula visita o país centro-americano, reiterando sua política de aproximação com a região."A presença do presidente indica não só seu apreço pelo novo presidente guatemalteco e por nossas relações com a Guatemala mas, também, a indicação de nosso desejo de intensificar, cada vez mais, nossas relações com a América Central e com o Caribe", destaca o embaixador Gonçalo Mourão, chefe do Departamento de América Central e Caribe do Ministério das Relações Exteriores. Lula esteve na Guatemala no primeiro mandato, em 2005. Na ocasião, reuniu-se com todos os líderes dos países que fazem parte do Sistema de Integração Centro-Americana (SICA). Encontro semelhante deve ocorrer ainda este semestre em El Salvador.Em sua primeira visita à Guatemala, Lula também participou do encerramento de Conferência Latino-Americana sobre Fome e Pobreza. Logo depois, no começo de 2006, o então presidente guatemalteco, Oscar Berger Perdomo, fez visita oficial ao Brasil.A Guatemala é o terceiro maior país da América Central. Tem 14,6 milhões de habitantes e 75% deles vivem abaixo da linha pobreza. A economia tem como base a agricultura, com ênfase na produção de café, açúcar e bananas. O setor responde por um quarto do Produto Interno Bruto do país, dois terços das exportações e metade da força de trabalho.Brasil e Guatemala mantêm relações diplomáticas há mais de cem anos, mas o intercâmbio comercial ainda é pequeno e com amplo superávit brasileiro. De janeiro a outubro de 2006, as trocas entre os dois países alcançaram US$ 223,5 milhões, com saldo positivo para o Brasil de US$ 205,8 milhões.As exportações do Brasil para a Guatemala caíram 23%,25% na comparação com os primeiros dez meses de 2006, totalizando US$ 214,74 milhões. Para se ter uma idéia, as vendas do Brasil para os Estados Unidos - nosso principal parceiro - foram de US$ 20,95 bilhões. Para a Argentina, segunda do ranking de compradores, as exportações foram de US$ 11,8 bilhões.As importações , pelo Brasil, de produtos guatelmatecos, embora ainda insipientes cresceram 75% no mesmo período, ficando em US$ 8,85 milhões. Os Estados Unidos venderam o equivalente a US$ 15,79 bilhões para o Brasil enquanto a China, nosso segundo maior fornecedor, US$ 10,16 bilhões.Além da relação comercial, Brasil e Guatemala têm iniciativas conjuntas no combate à fome e na área de inclusão social. "A Guatemala foi um dos países que respondeu positivamente àquele chamada que o presidente Lula fez nas Nações Unidas por um mutirão contra a fome a nível mundial", frisa Gonçalo Mourão.Acordo firmado entre os dois países prevê a cooperação técnica e científica brasileira na implementação do projetoBolsa-Escola na Guatemala, por exemplo. Acordo semelhante prevê apoio brasileiro ao Programa Nacional d Prevenção e Controle do DST/HIV / Aids da Guatemala. A Agência Brasileira de Cooperação (ABC) também desenvolve alguns projetos na Guatemala, de acordo com o embaixador.Também há perspectivas de uma futura cooperação na produção e uso de etanol combustível. Em 2005, os dois países assinaram protocolo de intenções nesse sentido. A Guatemala já produz etanol da cana-de-açúcar e tem interesse em conhecer mais o programa do biocombustível brasileiro.Nessa segunda visita de Lula à Guatemala, as relações bilaterais ficarão em segundo plano. Lula deve chegar à Guatemala às 12h40 e terá rápido encontro com Álvaro Colón no começo da tarde, antes da cerimônia oficial de posse do novo presidente. Segundo Mourão, o novo presidente da Guatemala e o presidente Lula se conhecem há bastante tempo devido a relacionamentos partidários.Candidato da centro-esquerda, Álvaro Colón se elegeu em segundo turno pela União Nacional Esperança com o apoio dos moradores do campo, onde a maioria é indígena. Se proclama social-democrata e promete defender os direitos dos indígenas, que são maioria no país."Prevemos que o governo dele signifique a manutenção de um excelente nível de relações que nós já temos com a Guatemala e que só tenderão a melhorar", avalia o chefe do Departamento de América Central e Caribe do Itamaraty.