Apesar de maior demanda, não há risco de racionamento de gás, diz especialista

14/01/2008 - 18h26

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Apesar da insuficiência da oferta de gás natural para atender à demanda do setor elétrico, das indústrias e dos consumidores de veículos, o Brasil não corre o risco de racionamento do combustível. A avaliação é do coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Nivalde de Castro.Para o especialista, somente no final de fevereiro, quando a situação dos reservatórios das hidrelétricas ficar clara, será possível definir alguma medida em relação à necessidade de desviar gás natural para as usinas térmicas, o que implicaria a necessidade de planejar o uso do combustível. “Não diria racionar, mas racionalizar o uso do gás”, afirma.Segundo Castro, dependendo do regime de chuvas, a pressão sobre o gás natural pode cessar a partir do próximo mês. “Se chover bastante, não será preciso usar as termelétricas. Agora, se não chover, elas [as térmicas] serão necessárias para que, em 2008, a gente não tenha nenhum problema”, ressalta.O coordenador do Gesel alega que a mudança de destinação de parte dos 10 mil megawatts de capacidade instalada de usinas a gás que ficaram ociosos após o fim do racionamento de 2001 é a responsável pela oferta do combustível estar no limite. “Boa parte do gás planejado para alimentar as termelétricas passou a ser usada por indústrias e veículos. Agora, quando o país precisa usar gás, não há disponibilidade do combustível porque ele está comprometido com outro tipo de demanda”, critica.Castro assegura que o Brasil não corre risco de falta de energia em 2008. Isso porque o atual nível dos reservatórios e a ativação das termelétricas dão ao país condição de atender a demanda de energia elétrica ao longo do ano. “O que pode acontecer é o Brasil ficar vulnerável no ano que vem, dependendo das chuvas em 2009”, destaca.O coordenador do Gesel considerou pertinente o pedido formulado à Petrobras pelo Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico (CMSE) para que a estatal reavalie o consumo próprio de gás para que o combustível possa ser desviado para as térmicas. “O comitê precisa saber quanto a Petrobrás pode efetivamente economizar, substituindo o gás natural pelo óleo combustível. Isso permite que parte do gás seja enviada às usinas”, explicou Castro.Para o economista da UFRJ, a ampliação de 2 mil megawatts na oferta de gás natural, resultante da importação de gás natural liqüefeito no Nordeste e da conclusão do gasoduto Vitória–Cabiúnas, representará alívio para o setor: “O que o governo está fazendo neste momento é analisar de quanto gás natural pode dispor ao longo de 2008 para usar dependendo do nível de chuvas”.Castro avalia que, no momento atual, não há necessidade de realizar uma campanha de estímulo ao consumo racional de energia. Ele acredita que uma campanha desse tipo poderia despertar ansiedade desnecessária na população. “Melhor é aguardar fevereiro para se ter uma noção mais precisa do nível dos reservatórios”, recomenda.