Caderneta de poupança se confunde com história da Caixa e completa 147 anos

12/01/2008 - 10h06

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Caixa Econômica Federal (CEF) completa 147 anos neste sábado (12) e traz com ela, desde o início, a criação da caderneta de poupança, uma vez que o Artigo 1º do Decreto 2.723, de 1861, assinado por Dom Pedro II, já determinava que a Caixa tinha por finalidade “receber, a juro de 6%, as pequenas economias das classes menos abastadas e de assegurar, sob garantia do Governo Imperial, a fiel restituição do que pertencer a cada contribuinte, quando este o reclamar”.Credibilidade ameaçada, porém, pelo confisco temporário das poupanças, no início do governo do ex-presidente Fernando Collor, em 1990, e pela redução dos índices de correção em planos econômicos nos governos de Collor e de seu antecessor: José Sarney. Mas, em todos os casos, a Justiça determinou a reposição da correção devida, e com isso ficou restabelecida a credibilidade da caderneta de poupança, ou “pé de meia” na linguagem popular.É a aplicação mais simples e tradicional do mercado, remunerada pela TR diária aplicada na data do aniversário da caderneta mais 0,5% ao mês, e “goza de credibilidade”, como afirma Sandra Blanco, fundadora do primeiro clube de investimento feminino do país e ex-consultora financeira da agência Merril Lynch, nos Estados Unidos. Afinal, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) cobre até o limite de R$ 20 mil da aplicação em poupança, caso o banco depositário quebre.Concebida como reserva monetária para as camadas mais pobres da população, sob a égide do poder público, a poupança é considerada “um investimento seguro, garantido”, de acordo com o gerente nacional da Caixa para Aplicação de Pessoa Física – Renda Básica, Jorge Pedro de Lima Filho. Essa garantia possibilitou a captação líquida (depósitos menos retiradas) de R$ 10,8 bilhões no ano passado pelas agências da Caixa, com crescimento de 328,57% sobre a movimentação da poupança em 2006.O “ótimo desempenho” da poupança, segundo ele, é decorrência natural da melhor estabilidade da economia como um todo, com destaque para o aumento da massa salarial e para a redução da taxa básica de juros (Selic), que caiu de 19,75% ao ano, em setembro de 2005, para os atuais 11,25%. Queda que, no seu entender, “tornou a poupança mais atraente que os fundos de renda fixa”.Jorge Pedro disse que “quando se fala em poupança, vem logo à mente a imagem da Caixa, porque estamos sempre com campanhas fortes para estimular a caderneta”. Por isso, a CEF detém  34,4 milhões de contas, das quais 2,8 milhões de cadernetas foram acrescidas só em 2007. É, portanto, uma fatia de mais de 30% no universo de R$ 33,379 bilhões de captações líquidas da poupança no ano passado, em toda a rede bancária, conforme informação divulgada pelo Banco Central no início da semana.Em seus 147 anos de atuação, a Caixa comemora também o crescimento da linha de penhor, que em 2007 realizou empréstimos no total de R$ 4,9 bilhões, ou 8,6% de expansão em relação ao ano anterior, como revelou o vice-presidente de Crédito para Pessoas Físicas da Caixa, Fábio Lenza. Ele disse que foram realizadas 420 mil operações de penhor no último ano, e acredita que o número possa aumentar mais ainda neste ano, porque a Caixa dispõe de R$ 5,4 bilhões para essa modalidade.Por suas facilidades de acesso, rapidez e juros baixos, Lenza disse que o penhor é bastante atrativo. Basta apresentar documento de identidade, Cadastro da Pessoa Física (CPF) na Receita Federal e comprovante de residência, além do bem que servirá de base para a operação. Os prazos de contratação são de até 180 dias, à escolha do cliente, para operações de no mínimo R$ 50 e no máximo R$ 50 mil.O empréstimo corresponde a 80% do valor de avaliação do bem -- geralmente jóias, relógios de alta joalheria e canetas de elevada qualidade e valor. A taxa de juros do penhor para operações até R$ 300 é de 2,08% ao mês, e acima desse valor sobe para 2,12%.