Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O cidadão comum que deseje investir no mercado de ações deve ter como primeira preocupação se cadastrar em uma corretora. A recomendação é da presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos no Mercado de Capitais de São Paulo(Apimec/SP), Luci Aparecida de Sousa.
Falando à Agência Brasil, ela explicou que “é interessante verificar se essa corretora presta serviços de recomendação de investimento, porque nem todas fazem isso”. O ideal, frisou, seria procurar uma corretora que fornece relatórios e presta assessoria, para auxiliar o investidor individual.
“Isso faz diferença porque ele [investidor] vai tomar decisão com base no trabalho de um especialista”.
Luci de Sousa disse que se alguém resolver participar de uma oferta pública, isto é, o lançamento de ações de uma companhia que esteja abrindo o capital, “a gente recomenda que leia o prospecto, que pode ser obtido no site da Comissão de Valores Mobiliários (www.cvm.gov.br)”. A autarquia responde pela fiscalização do mercado de capitais e é vinculada ao Ministério da Fazenda.
Dessa forma, o investidor vai conhecer a empresa, seus administradores, o setor de atuação, além dos riscos inerentes à operação. A presidente da Apimec/SP afirmou que é importante para o cidadão que quer se lançar no mercado de capitais verificar se já existem outras empresas do setor no mercado e procurar compará-las com as novatas. Segundo ela, essa medida serve para evitar perda de dinheiro.
Esses são os principais cuidados que um “marinheiro de primeira viagem” no mercado de ações deve ter. Outra recomendação não menos importante, segundo Luci de Sousa, é que não se deve ter uma visão de curto prazo.
“Nem expectativas de curto prazo, porque quando a gente compra ações está comprando ativos financeiros chamados renda variável. Ou seja, não existe uma garantia de rendimento futuro. Não tem uma taxa de juros”, explicou.
Embora o mercado de ações renda mais que a poupança, Luci Sousa advertiu que “o rendimento passado não garante o rendimento futuro”. Ou seja, o investidor não pode basear a compra de papéis em Bolsa ao rendimento obtido por uma empresa na véspera, por exemplo, “porque hoje [a cotação] já caiu”, alertou a especialista.
A Apimec está observando um movimento crescente de pessoas físicas no mercado. “A participação do investidor pessoa física no volume negociado na Bovespa está na ordem de 25% na média. Só para você ter uma idéia, nos anos 90 era da ordem de 7% a 10% no máximo a participação do investidor individual nos negócios da Bolsa”, informou.
Na avaliação de Luci de Sousa, esse crescimento se deve aos melhores fundamentos da economia e aos avanços tecnológicos que permitem operações pela internet, “barateando os custos para as corretoras e facilitando o acesso desse investidor ao mercado”.
Contribui também para a expansão a própria observação das pessoas de que o mercado está crescendo, que a Bolsa está trazendo ganhos. "Ao lado da perspectiva de que os juros estão caindo, ainda que lentamente, isso leva o investidor a ser atraído para esse ativo, que é de maior risco, mas no longo prazo oferece mais retorno”, afirmou a presidente da Apimec/SP. Segundo ela, a isso se soma a campanha de democratização do acesso a mercado de capitais pela Bovespa e pelo próprio governo, que possibilitou a compra de papéis da Petrobrás e da Companhia Vale do Rio Doce pelos trabalhadores brasileiros, com parte dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). “Isso foi importante também para estimular o pequeno investidor a entrar na Bolsa”.