Adiamento de parecer de Virgílio sobre Renan prejudicará votação da CPMF, diz Tião Viana

19/11/2007 - 20h09

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A decisão do líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), de adiar o parecer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) sobre o processo de cassação do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) vincula a situação do presidente licenciado do Senado à prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). A avaliação é do presidente interino da Casa, Tião Viana (PT-AC).Para Tião Viana, a oposição tenta vincular ao máximo a votação do pedido de cassação do presidente licenciado à apreciação da proposta de emenda à Constituição que estende a cobrança da CPMF até 2011. "É intenção da oposição é aproximar os dois problemas e, seguramente, a intenção da base do governo é separar", acrescenta. Na avaliação dele, a decisão de Virgílio foi política.Viana afirmou que a manobra dos tucanos prejudicará não apenas o governo, mas a sociedade. "Vai se criar uma confusão agora. A ligação entre o caso do senador Renan Calheiros e a CPMF não é boa para a sociedade, que tinha uma avaliação específica da postura do Senado em relação a Renan e outra em relação à CPMF", afirmou o petista. Relator da representação na CCJ do Senado, Virgílio negou que o adiamento do parecer tenha como objetivo vincular o caso do presidente licenciado a um suposto acordo entre governo e PMDB para absolver Renan em troca da aprovação da CPMF. "O que tenho lido nos jornais é que este acordo estava construído, embora não seja minha preocupação. Estou preocupado apenas em apresentar um relatório bom", alegou o tucano.Para o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), está clara a intenção do governo em fechar um acordo com Renan para facilitar a renovação do tributo. "Existe uma tentativa de acordo para salvar Renan, aprovar a CPMF e escolher o próximo presidente do Senado conforme o gosto do Poder Executivo”, acusa. “Se essa pecaminosa trindade da desmoralização acontecer, o Senado não vai conseguir ressuscitar por muito tempo", completou o ministro da Educação no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.No processo que está na CCJ, Renan é acusado de usar "laranjas" na compra de duas emissoras de rádio e de um jornal em Alagoas. As informações foram passadas pelo usineiro João Lyra, apontado como sócio do senador no suposto esquema. O PSDB e o Democratas foram os autores da representação contra o presidente licenciado do Senado, que foi absolvido de outros dois processos por quebra de decoro parlamentar.