Gláucia Gomes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os brasileiros têmdificuldade em reconhecer frutas e vegetais como ingredientesnecessários para uma dieta alimentar balanceada e não vêem esses alimentos como comida. Aafirmação é da professora e mestre em Nutriçãoda Universidade de Brasília (UnB), Verônica Ginani. Na semana em que secomemora o Dia Mundial da Alimentação, a nutricionistafaz uma constatação: o brasileiro desconhece os frutosespecíficos de cada região. Pitomba, lobeira, tucumã,pupunha, baru e cagaita são exemplos de alimentossubutilizados e, muitas vezes, desconhecidos por grande parte dapopulação brasileira. Ela garante, entretanto, que autilização de alimentos de origem vegetal possibilitamuma dieta saudável, barata e de acesso facilitado. Também épreciso enxergar nos alimentos uma fonte de prazer e de nutrientes.Nesse processo, a educação nutricional éimportante. Ela destacou ainda que para se ter uma alimentaçãosaudável é preciso quatro práticas importantes:quantidade, qualidade, harmonia e adequação.
“É preciso consumir aquantidade de alimentos necessários para atender a todas asnossas necessidades; a qualidade dessa alimentação deveser composta por todos os nutrientes que a gente precisa para reporperdas; o consumo deve ser de forma harmoniosa, atendendo a umaproporção entre si; e por último, devem estaradequados à situação de cada um: a idade, o sexo,altura, a classe social e cultura”, analisou.
Verônica destacou que asdiferenças regionais não interferem na qualidade danutrição. Segundo ela, em todos os estados do país,é possível encontrar tipos variados de alimentos ricosem vitaminas e nutrientes necessários à saúde.Para ela, é preciso divulgar os alimentos pouco conhecidospara que eles sejam explorados pela população demaneira sustentável.
“Não adianta divulgarpratos e receitas com alguns ingredientes que não vãoser encontrados nos supermercados. Tão pouco colocá-losnos supermercados destruindo a natureza, explorando sem critério,sem plantar e renovar essas fontes. É preciso buscar arenovação, mas de forma sustentável”, disse anutricionista.Segundo Verônica, o brasileiro encontracondições adequadas para se alimentar bem, jáque um prato de arroz com feijão, carne e salada é grande fonte de energia, proteínas, fibras, vitaminas eminerais. A professora salientou ainda que alguns hábitosalimentares estão mudando por causa da influêncianorte-americana, que privilegia sanduíches, embutidos erefrigerantes. Para Verônica, o consumo excessivo dessesalimentos são inadequados à saúde.
Sobre a qualidade nutricional dosalimentos que compõem a cesta básica brasileira, anutricionista falou que apesar de a elaboração estarrelacionada a alimentos específicos de cada região,existem carências de diversos nutrientes por causa daimpossibilidade de se incluir alimentos perecíveis como frutas,hortaliças e vegetais, importantes na complementaçãoda cesta. Apesar disso, ela acredita que tem sido válida aincorporação de vitaminas e minerais, em alimentosenriquecidos, e citou exemplos como a farinha de trigo enriquecidacom ferro; e o sal, com iodo.
“Isso realmente é eficaz emdeterminadas patologias, como é no Brasil em relaçãoao bócio [aumento do volume do pescoço por causa dedoença na tireóide], mas a gente tem umadificuldade muito grande de incorporar nas cestas básicas ashortaliças e as frutas, porque são altamente perecíveise as vezes a própria comunidade não tem o hábitode utilizar”.
O Dia Mundial da Alimentação,comemorado amanhã (16), tem como tema este ano “O Direito àAlimentação”. A data é celebrada em mais de150 países. De acordo com dados da Organizaçãodas Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação(FAO), 854 milhões de pessoas em todo o mundo ainda permanecemsubnutridos.