Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A posição que o governo brasileirolevará à Conferência das Partes do Protocolo deQuioto, em dezembro, em Bali (Indonésia), é de que ospaíses industrializados devem assumir a liderança naredução dos gases poluentes na atmosfera. Foi isso queo embaixador extraordinário do Brasil para MudançasClimáticas, Sérgio Serra, disse hoje (5) na Câmarade Comércio Americana do Rio de Janeiro. Por trásdessa postura, informou Serra, está a visão de queestas nações são responsáveis pela maiorparte das emissões consideradas causadoras do aquecimento global, e tem sido assim historicamente. Para ele,é necessário chegar a um "roteiro ou um mandato omais ambicioso possível para as negociações queirão ocorrer ao longo de 2008 e, nós esperamos,terminar até o fim de 2009”.Sérgio Serra afirmou também que os países em desenvolvimento podeme devem encontrar uma forma concreta de contribuir para esse esforço,por meio de políticas públicas que contenhamcompromissos mensuráveis de contenção oucontrole das emissões – mas sem metas. Essas naçõeschamadas emergentes assumiriam esses compromissos de formavoluntária, sem punição caso não conseguissemcumpri-los, uma vez que a prioridade máxima dos paísesem desenvolvimento, reconhecida pela Convenção da ONU que trata do clima,é combater a fome e a pobreza e se desenvolver de uma formasustentável, assinalou o diplomata. Foi nessa linha a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura da Assembléia-Geral da ONU.O Brasil, de acordo com Serra, aceita que essescompromissos sejam fiscalizados pelos demais países. Ele afirmou que ao contrário do que se pode pensar, nãoé a China, mas os países produtores de petróleoos que mais resistem à redução de suas emissõesde gases poluentes.O embaixador comunicou que a expectativado governo brasileiro é que a reunião de Bali defina umcronograma de negociações e critérios que devemnortear essas negociações. Ainda não aderiram aoProtocolo de Quioto, que estabeleceu metas de reduçãode emissões para os países industrializados até2012, os Estados Unidos e a Austrália. “A gente deve fazerum esforço para trazer esses países para dentro e fazercom que eles assumam esse compromisso”, comentou.Eleopinou, ainda, que a concessão de algum tempo para que issoocorra é positiva porque favorece a evolução dopensamento interno nos Estados Unidos sobre a importância docombate às emissões dos gases do efeito estufa. A seuver, o cenário das eleições norte-americanas“vai servir para motivar mais, qualquer que seja o partido queganhar, a adotar perante a pressão da sua própriaopinião pública uma posição maisconstrutiva do que tem sido a norma até agora”.Até2009 terão de ser definidas as novas metas de reduçãode emissões de gases poluentes da atmosfera para depois de2012, dentro de um novo protocolo, que poderá continuar com amesma denominação. O Protocolo de Quioto, assinado em1997, só começou a vigorar em 2005, após aratificação do acordo pela Rússia, quando teveum número razoável de países emissores.“Nós estamos estimando agora três anos. Talvez menostempo seja necessário para que um novo acordo seja ratificado.Achamos que é realista ter isso pronto em meados ou fim de2009”, avaliou o embaixador de Mudanças Climáticas. Aesperança, acrescentou, é que se consigam compromissosque levem a um equilíbrio em termos de emissões até2050.