Seja quem for o vencedor na Argentina, política econômica não muda, diz professor da Universidade de Buenos Aires

30/09/2007 - 15h13

Ana Luiza Zenker
Da Agência Brasil
Brasília - Os avanços econômicos da Argentina nos últimos cinco anos resultam de uma mudança de comportamento no país, quedeve se manter depois das eleições de 28 de outubro, independentemente de quem seja eleito presidente.A avaliação é do economista e professor da Universidade de Buenos Aires AldoFerrer.“Provavelmente a eleição vai influenciar [a condução da economia],mas tudo o que aconteceu reflete uma situação maisprofunda, que, em certo sentido, vai além do resultadoeleitoral”, afirmou, em entrevista por telefone à AgênciaBrasil.Segundo ele, já se criou um consenso no país em torno dos rumosda economia. “As pessoas que forem eleitas vão estar dentrodesse esquema de idéias em que se baseia atualmente a políticaeconômica argentina”.A fórmula, acrescenta, é composta por itens como subsídios para a produçãoagrícola, como o trigo; controle da balança comercial; renegociação da dívida argentina;criação de mecanismos para regular a economia; e programas sociaissemelhantes ao brasileiro Bolsa Família.Entre 1999 e 2001, durante o governo de Fernando de La Rua, a Argentina viveu uma grave crise econômica que levou a população às ruas ao final de 2001. Foram inúmeras as manifestações (panelaços) - algumas, inclusive, provocaram a mortede dezenas de pessoas. Os movimentos levaram o presidente a renunciar. De acordo com Ferrer, desde então,o país tem alcançado seguintes melhorias. Ele cita como exemplo o crescimento de cerca de 50% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todas as riquezas que um país produz); aumento na taxa de investimento no país,que chega a 23% do PIB; superávit comercial de US$ 60 bilhões; ereservasinternacionais superando os US$ 40bilhões.“Realmente a recuperaçãoda economia foi notável”, diz o economista. Ele lembra, no entanto, que a Argentina ainda tem de lidar com uma taxade inflação que gera polêmica, por ser mais alta que a média dos paísessul-americanos e em desenvolvimento de maneira geral: ultrapassa os 10% aoano.Ele pondera que a alta na inflação deveu-se principalmente aos desequilíbrios econômicose à instabilidade política. Fatores dos quais, segundo ele, o país está livre.“As circunstâncias hoje são diferentes".O professor lembra, ainda, a questão da carne bovina, produto de grande demanda interna e externa. Na avaliação dele, a questão requer intervenção do governo paraevitar que o preço suba, pressionando ainda mais a taxa deinflação.