Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O troca-troca de partidos entre parlamentares logos após as eleições já é um fato conhecido dos eleitores brasileiros. Após as últimas eleições, cerca de 10% dos parlamentares da Câmara - 54 de um total de 513 deputados - trocaram de partido na Câmara dos Deputados. Para o cientista político Lúcio Rennó, uma das explicações para tanta mudança é o interesse dos parlamentares em se aproximarem do governo, buscando partidos da base aliada. “Um padrão clássico é se aproximar mais do governo para ter um pouco mais de acesso a cargos e recursos orçamentários que o governo controla”. Lúcio Rennó afirma que outro motivo para o troca-troca é que o sistema partidário brasileiro ainda é relativamente jovem. “Onde você tem partidos menos consolidados, mais fracos, a possibilidade de mudança, o custo da mudança, é menor do que em sistemas onde esses partidos já tem reputações claras, bem estabelecidas”. Ele destaca também que no Brasil o partido não tem tanto peso quando os eleitores fazem a escolha por um candidato. “O voto no Brasil é muito pessoal no candidato, muito menos partidário do que, por exemplo, no caso americano”. A opinião de Lúcio Rennó é compartilhada pelo deputado Paulo César (PR-RJ), que antes era do PTB. “O parlamentar é que faz a política de base, ele que faz sua campanha, investido apenas de uma sigla. Não é a sigla que leva o candidato, é o contrário, é o candidato que leva a sigla nas costas e, muitas vezes, dependendo do peso dessa sigla ele pode sair prejudicado nas eleições”.