México e Brasil têm desafios semelhantes diante do aquecimento global, avalia secretária

22/09/2007 - 17h12

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Brasil e Méxicotêm desafios em comum no enfrentamento das mudançasclimáticas e na atuação nos debatesinternacionais sobre o tema, no âmbito das NaçõesUnidas. A avaliação é da secretária de MeioAmbiente do estado mexicano de Jalisco, Marha Del Toro.Apesarde as semelhanças entre as duas nações – ograu de desenvolvimento, principalmente – demandarem iniciativas comuns, ela destacou diferenças quanto à execuçãodessas medidas. “O Brasil já avançou mais, por causado etanol, por exemplo”, afirmou.A grande quantidade de veículos – queemitem gases considerados causadores do efeito estufa –, o desafiode dar um destino seguro ao lixo produzido nas metrópoles e odesmatamento estão são as semelhanças apontadaspor Del Toro. Ela também destaca semelhançascomo o alto grau de poluição em grandes cidades comoSão Paulo e a mexicana Guadalajara.“Em relação aodesmatamento, nós já estamos avançado com umagrande campanha de reflorestamento”, contou, em entrevista à Agência Brasil. “Neste ano, a meta éplantar 5 milhões de árvores e estamos indo bem, jáalcançamos mais da metade. Apesar de contribuir com apenas 2%das emissões do aquecimento global, estamos comprometidos emreduzi-las” , adiantou, após participar, na última quinta-feira (20), daConferência Internacional Rio+15, promovida por uma empresa do mercado de carbono.Para Del Toro, países emdesenvolvimento – como Brasil e México – deveriam recebermais incentivos das nações ricas para executarprogramas de desenvolvimento sustentável. Assim como o governobrasileiro, a secretária afirmou que o México écontra o estabelecimento de metas de redução deemissões para nações em desenvolvimento.Atualmente, o Protocolo de Quioto prevê esse tipo de obrigaçãopara 35 países ricos.“Não negamos o compromisso,mas não podemos ser tratados como países desenvolvidos –tem que haver uma diferenciação, devemos receberapoio”, afirmou.Também como o Brasil, oMéxico investe em projetos do Mecanismo de DesenvolvimentoLimpo (MDL), instrumento do tratado de Quioto que permite às naçõesem desenvolvimento produzirem energia limpa – sem emissão decarbono – e venderem os créditos gerados por essa reduçãopara países ricos. Assim, estes não precisam cortar asemissões correspondentes em seu território, a fim de cumpriras metas do acordo. Com 89 projetos registrados na ONU, o Méxicoocupa a quarta posição em número de iniciativasdo MDL; o Brasil é o terceiro, com 235. “Dos 89, quase todos são emgranjas de suinocultura [o metano liberado é transformadoem energia elétrica por biodigestores], projetos naindústria química, investimentos em energiasrenováveis, como a eólica e a hidráulica, eaterros sanitários”, enumerou a secretária.O México, que tem 98% da matriz energética baseada emcombustíveis fósseis, pretende investirpesado em energias renováveis nos próximos anos. Mas a secretária não considera a substituiçãode derivados do petróleo por etanol em larga escala como uma solução viável para o país: “Os projetos de etanol no Méxicoutilizam milho e não cana-de-açúcar. E nossalegislação é restritiva: não podemosdeixar de comer para produzir combustível e também nãovamos permitir que haja desmatamento para plantar cana”. Uma dassoluções, segundo a secretária, pode ser oinvestimento em biodiesel, que não ocupa solos da agricultura,mas terras inutilizadas.