Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As queimadas em cursono cerrado nos últimos dias podem trazer prejuízo aoabastecimento de água do país. A avaliaçãoé do diretor de Conservação e Biodiversidade doMinistério do Meio Ambiente, Bráulio Dias, queclassifica o cerrado como “a caixa d'água do Brasil”, porcausa do grande número de nascentes concentradas na regiãocentral do país.
“Mais da metade de todo opotencial hidrelétrico do Brasil depende dos rios que vêmdo cerrado, e a qualidade e quantidade de água que boa partedo país utiliza para abastecimento urbano, para agricultura epara geração de energia vem dos planaltos do BrasilCentral”, afirma Dias, em entrevista à AgênciaBrasil.
O desmatamento da região,causado pelas recentes queimadas, pode provocar o assoreamento e adiminuição da vazão dos rios, além dapoluição da água. “Isso vai prejudicarconsumidores e usuários de água no Brasil inteiro”,calcula.
Apesar de estar sujeito a um “ciclode fogo” natural, o cerrado não consegue se recuperar degrandes incêndios no auge no período seco. SegundoBráulio Dias, a ocorrência de queimadas em intervaloscurtos prejudica a capacidade da vegetação de rebrotar.
“O regime de queima natural estáassociado à ocorrência de raios de tempestades naestação das chuvas, quando o incêndio começae logo a seguir vem a chuva para apagar. Quando vem um incêndionessa época [seca], destrói todo o esforçode investimento que as árvores fizeram na refolha, o impacto éenorme e a mortalidade é muito maior”, explica.
Dados do Instituto Brasileiro doMeio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)mostram que de junho a setembro deste ano foram detectados mais de 21mil focos de incêndio no país. De acordo comDias, o combate às queimadas exige capacitação etreinamento de pessoal para atuar perto das áreas de risco,como grandes parques, por exemplo. “O Brasil tem bom sistemas demonitoramento por satélite, isso dá uma idéiageral do que está acontecendo, mas é preciso ter umtrabalho de vigilância, de monitoramento mais presentelocalmente”, avalia.
O especialista participou ontem(11), Dia do Cerrado, de uma audiência pública sobreesse bioma e sobre mudanças climáticas na comissãomista criada pelo Congresso Nacional para debater o aquecimento doplaneta.