“Ano do fogo” tem 30% mais incêndios florestais, afirma diretor de prevenção

12/09/2007 - 19h42

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A estiagemprolongada, a vegetação seca e a baixa umidade relativado ar fazem com que 2007 seja considerado o “ano do fogo”, deacordo com o coordenador do Sistema Nacional de Prevençãoe Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), Elmo Monteiro.Segundo ele, neste ano já foi registrado um número 30%maior de queimadas em áreas florestais que no mesmo períododo ano passado. “Em 2006 tivemos algumas chuvas no períodode estiagem, o que não tivemos este ano, e isso temprejudicado bastante o controle do incêndio no país”,explica.Em agosto, os satélites doInstituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) registraram 16.592focos de incêndio em todo o país. O número émais que o dobro do constatado no mesmo período do ano passado(8,2 mil focos). Os estados que mais registraram focos foram Pará(5.020), Mato Grosso (4.665) e Rondônia (1.663).Monteiro apontou a utilizaçãode fogo fora de época, especialmente por pequenosagricultores, como outro fator que preocupa as equipes que trabalhamno combate a incêndios florestais: “Isso tem nos preocupadomuito porque, por mais que você tenha um trabalho de prevenção,com as questões climáticas associadas à atuaçãodessas pessoas realmente fica muito difícil para nóscontrolar essas unidades”. Ele disse que o Prevfogo faz,anualmente, convocação nas comunidades que residem noentorno das unidades de conservação para selecionar etreinar brigadistas, que depois são contratados para prevençãoe combate ao fogo. “As unidades são dotadas de equipamentosde combate, veículos, quando necessários, aeronaves,caminhões-pipa, equipamentos individuais”, disse. SegundoMonteiro, o contingente soma 950 brigadistas, e a meta échegar ao final do ano com 1.288. “Com o nível dosincêndios que estão ocorrendo este ano, os brigadistasdo Prevfogo não são suficientes, então temos querecorrer ao apoio de outras instituições, comomilitares do Corpo de Bombeiros, Exército, voluntários,além de outras instancias, como a Polícia Federal.Quando foge a esse controle trabalhamos em parceria com instituiçõesestaduais e municipais”, acrescentou. Segundo ele, avegetação do cerrado é a mais atingida pelosincêndios. A maior área florestal queimada atéagora neste ano foi registrada no Parque Nacional da Chapada dosVeadeiros, em Goiás. Lá, pelos dados do Inpe, o fogoconsumiu 40,7 mil hectares, o que representa quase 60% da áreatotal do parque. O incêndio foi debelado no último fimde semana, mas degradou o equivalente a meia Goiânia (ou 40 milcampos de futebol).No Parque Nacional de Brasília,também conhecido como Água Mineral, o estrago tambémfoi grande: 11 mil hectares atingidos pelo fogo. Também foramregistrados incêndios no Parque Nacional do Itatiaia, no Rio deJaneiro, no Parque Nacional da Serra do Cipó e no GrandeSertão Veredas, ambos em Minas Gerais, mas os focos jáestão controlados.No momento, os brigadistas tentamconter o fogo no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, noMato Grosso, que já atingiu 3 mil hectares. Também háincêndios em fase inicial no Parque Nacional da Serra daCanastra, em Minas Gerais, e na Floresta Nacional de Carajás,no Pará.