Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Uma comissãotemporária externa do Senado vai acompanhar a retirada dosmoradores não-índios da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, nonorte de Roraima. A operação de retirada seráexecutada pela Polícia Federal (PF). A instalaçãoda comissão foi proposta pelo senador Mozarildo Cavalcanti(PTB-RR) e aprovada na última quarta-feira (5). O presidente daComissão de Relações Exteriores e DefesaNacional do Senado, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), indicouMorazildo Cavalcanti como um dos três senadores que integrarãoa comissão. Os outros dois nomes ainda serãoescolhidos.Na úlima terça-feira (3), quando assumiu adireção da Agência Brasileira de Inteligência(Abin), o ex-diretor da PF, Paulo Lacerda, informou que a PolíciaFederal já tem um planejamento para cumprir ordem judicial deretirada dos não-índios da terra indígenaRaposa Serra do Sol."De fato, já houve iniciativas para aação naquela área, mas até o últimodia em que eu estive na Polícia Federal, não seexecutou a medida. Volta e meia, as assessorias jurídicas têmque analisar a situação para saber se podemos darcumprimento. Mas o fato é que planejamento houve sim, euconfirmo, para a retirada dos não-índios. E lembrando,essa não é uma ação da PolíciaFederal, nós apenas somos chamados para cumprir uma ordemjudicial", disse.Para o coordenador do Conselho Indígena deRoraima, Dionito de Souza, a operação é justa,mas deve ser feita com respeito e sem violência."Quanto à operação,espero primeiro que os arrozeiros saiam, como já foideterminado, apesar de não terem saído, mas quero quesaim logo, com muito respeito e sem machucar ninguém",enfatizou.O presidente da associação dosarrozeiros de Roraima, um dos fazendeiros remanescentes na terraindígena, Paulo César Quartiero, é contrárioà operação."Acho que na realidade estão querendofazer na força o que legalmente não foi cumprido, masnós, evidentemente, não podemos aceitar isso porqueainda achamos que estamos num país democrático. Setiver alguma ordem judicial, vamos acatar, mas se vier só naforça das armas não vamos aceitar", afirma.Mesmo com as informações doex-diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, sobre ospreparativos da operação, o superintendente da PF emRoraima, Cláudio Lima, não confirma a informaçãode que está havendo uma preparação para retiradados não-índios da reserva em Roraima. Lima disse queoficialmente não recebeu nenhuma orientação paradesencadear ações dessa natureza na áreaindígena.De acordo com o Instituto Nacional de Colonizaçãoe Reforma Agrária (Incra), desde que o governo federaldeterminou a destinação da área para os 18 milindígenas que vivem na região, pelo menos 114 famíliasreceberam uma indenização e um novo lote de terra parasair do local. Outras 188 famílias estão em processo dereassentamento.