Brasil participará de reuniões convocadas por ONU e Bush sobre mudanças climáticas

09/09/2007 - 16h43

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Depois de enviarrepresentantes à conferênciaprévia da Organização das NaçõesUnidas (ONU) sobre mudanças do clima em Viena (Áustria)e sediar um encontrointernacional para discutir ações globais dedesenvolvimento sustentável, o Brasil participará nofim do mês, nos Estados Unidos (EUA), de duas reuniõesda agenda ambiental do planeta.São elas: uma reuniãode alto nível da Organização das NaçõesUnidas (ONU) em Nova York nos dias 27 e 28 e um encontro convocadopelo presidente dos EUA, George W. Bush, em Washington no dia 24.

O Ministério das RelaçõesExteriores (Itamaraty) confirmou o envio de um representantebrasileiro, o diplomata Everton Vargas, à reunião deBush, mas não comentou se a convocação indicauma possível mudança de postura do presidentenorte-americano em relação à preocupaçãoglobal com o aquecimento. Apesar de serem responsáveis porcerca de 35% das emissões de gases de efeito estufa doplaneta, os EUA não ratificaram o Protocolo de Quioto e nãotêm metas de redução.

Na reunião da ONU, o governobrasileiro anunciou que vai defender a criação de umorganismo internacional nas Nações Unidas para o meioambiente, nos moldes de estruturas como a Organizaçãodas Nações Unidas para a Infância (Unicef) e paraa Educação, Ciência e a Cultura (Unesco). Aproposta brasileira, lançada durante a reunião no Riode Janeiro, prevê uma organização “guarda-chuva”,que teria função coordenadora das decisõesglobais sobre meio ambiente.

O diretor do departamento de MeioAmbiente e Políticas Especiais do Itamaraty, ministro LuizAlberto Figueiredo, disse que a instalação de umorganismo da ONU para as causas ambientais é uma demandamundial, mas, ao contrário de propostas de outros países,a sugestão brasileira, “mais conciliadora”, defende amanutenção da estrutura já existente, o Programadas Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). “Eleseria mantido e fortalecido como agência ambiental, comaspectos importantes voltados para ajuda aos países naimplementação de suas políticas ambientais,cooperação técnica e treinamento de pessoal”,enumerou.

Figueiredo prevê que adiscussão se estenderá para a reunião das NaçõesUnidas em 2008, quando a organização deverádecidir, ou não, pela criação da nova estruturapara as questões ambientais. “Além de concentrar asdecisões – que hoje são mais pulverizadas em centenasde grupos na ONU – esse organismo aumentaria a integraçãoda questão ambiental na discussão do desenvolvimentosustentável”, aponta.

Mais incisivo, o professor doInstituto de Física da Universidade de São Paulo, PauloArtaxo, um dos quatro brasileiros no Painel Intergovernamental deMudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês),defende a criação de duas novas organizaçõesna ONU: uma para questões ambientais e outra exclusivamentepara as mudanças climáticas: “ Já passamos doponto crítico, é preciso uma rápida atuaçãoglobal para frear os problemas”.