Grito conseguiu levantar debate sobre privatizações, avalia coordenador da mobilização

08/09/2007 - 18h40

Bruno Bocchini e Roberta Lopes
Repórteres da Agência Brasil
São Paulo e Brasília - Fazer com que a sociedade volte adiscutir as privatizações no país foi um dosprincipais objetivos atingidos pelo 13º Grito dos Excluídos,realizado ontem (7). A avaliação é de um doscoordenadores nacionais da manifestação, Ari Alberti.“Nós conseguimos trazer para a sociedade esse tema,que parecia que era uma questão já totalmenteresolvida”, diz. “Para nós, o ponto alto foi que asatividades aconteceram nos 26 estados e no Distrito Federal. O fatode você conseguir trazer para a sociedade e discutir isso deNorte a Sul e de Leste a Oeste no país a gente avalia comoponto positivo.”Esta edição do Grito dosExcluídos, um contraponto às comemoraçõesdo Dia da Pátria, reuniu ao menos 212 mil pessoas em todo opaís, segundo os organizadores. A intenção damanifestação, organizada por cerca de 60 entidades emovimentos sociais, foi protestar principalmente contra aprivatização da mineradora Vale do Rio Doce, em 1997. Oprocesso de venda da empresa é considerado fraudulento pelosmanifestantes.O coordenador avalia também que aparticipação dos “excluídos de fato” nasmobilizações está crescendo ano a ano, mas queainda não é satisfatória. “O desafio nãoestá completo até que você consiga que osexcluídos de fato possam se sentir protagonistas doacontecimento. E se eles estiveram cada ano mais presentes nasatividades, significa que o processo de construção estásendo correto”, afirma.São Paulo foi o estado onde omaior número de pessoas participou das manifestações.De acordo com os organizadores, participaram mais de 95 mil pessoasem Aparecida e 13 mil na capital paulista, onde as atividadesincluíram missa na Catedral da Sé e caminhada atéo Monumento do Ipiranga.Em Brasília, os manifestantessaíram da rodoviária em direção àcatedral, mas a Polícia Militar (PM) barrou os manifestantes emfrente à Biblioteca Nacional. Na Paraíba, mais de 1,5mil pessoas participaram da manifestação em JoãoPessoa, segundo a organização, mas foram barradas pela PM durante a passeata. Também houvemanifestações em outras cidades, como Rio de Janeiro,Minas Gerais, Porto Alegre e Curitiba. Em diversos estados,os movimentos organizadores do Grito continuam realizando, atéamanhã (9), um plebiscito sobre a privatizaçãoda Vale do Rio Doce. As entidades pretendem levar o resultado aoconhecimento de representantes do Executivo, Legislativo eJudiciário."Nós precisamos avançara democracia representativa do país. Ela deu mostras de que seesgotou como possibilidade de pensar um projeto de naçãodiferente. Então a nossa luta é para que aquele Artigo14 da Constituição brasileira de 1988, que fala deplebiscito, referendo e consultas à população,seja de fato implementado", afirma Ari Alberti.