Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A decisão do Uruguai deadotar o modelo de televisão digital europeu (DVB) nãoatrapalha os planos de Brasil de divulgar o sistema brasileiro –desenvolvido com tecnologia japonesa – pela América do Sul.A avaliação é do ministro das Comunicações,Hélio Costa, que diz que o país vizinho só tem aperder com o modelo europeu.“É mais ou menos como se uma pequenacidade do interior de São Paulo decidisse fazer umaexperiência com algum outro projeto”, disse Costa. “O nossoprojeto de é tão grande, tão abrangente e tãocompleto que não faz muita diferença.” O ministro falou à Agência Brasilna última quarta-feira (5), durante evento na AgênciaNacional de Telecomunicações (Anatel), na adesãode concessionárias de telefonia ao Plano de Metas para aUniversalização do Serviço TelefônicoFixo.O Uruguai anunciou no final de agosto a escolhapelo padrão de televisão digital europeu. Um decreto dopresidente, Tabaré Vazquez, do dia 28 determina ao Ministérioda Indústria, Energia e Mineração e ao orgãoregulador do setor no país que definam um cronograma e marcostécnicos para a implantação do sistema. O paísé o primeiro a adotar o modelo europeu na AméricaLatina.Segundo Hélio Costa, o Brasil vai produzirequipamentos para a televisão digital brasileira em cidades nafronteira com o Uruguai. Com isso, disse, os uruguaios nãoconseguirão capitar o sinal brasileiro, além de perdera oportunidade de comprar aparelhos que podem ser mais baratos. “Elespoderiam pegar nossas imagens e não vão poder porqueestão com o sistema errado”, afirmou. Questionado sobre a possibilidade de a Argentina eo Chile também aderirem a um modelo de televisãodigital diferente do desenvolvido pelo Brasil, o ministro disse quenão teme um isolamento. “Nós temos a maior populaçãoda América do Sul”, comentou. O ministro explicou também que o modelo derecepção de canais de TV é diferente entre ospaíses sul-americanos. Enquanto Argentina e Uruguai, porexemplo, têm 90% das recepções via satéliteou a cabo, o Brasil tem 90% em sinal aberto.Em agosto, Hélio Costa disse que o governodo Brasil e o do Japão se uniram para divulgar ao governos daAmérica do Sul o Sistema Brasileiro de TelevisãoDigital Terrestre (SBTVD). Na ocasião, anunciou que equipesvisitariam a Argentina e o Chile.De acordo com informações da páginana internet da Presidência da República doUruguai, a opção pelo DVB se deu pela possibilidade dedesenvolvimento de vários conteúdos – o quecontribuiria para a diversidade cultural –, novos serviços eempreendimentos tecnológicos, além da criaçãode empregos e inclusão social.Outro ponto que o governo uruguaio destaca éa possibilidade de economizar com os custos dos equipamentos: “Anorma [DVB] permite o uso de decodificadores para serviçosinterativos e não requer aparelhos de televisãosofisticados, permitindo reduzir a exclusão digital”.