Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil ficou mais distante dos países desenvolvidos e até de concorrentes emergentes no que se refere a um dos principais indicadores que medem a eficiência da economia.Entre 1980 e 2005, a produtividade por empregado caiu 2,7% no país, enquanto a dos Estados Unidos aumentou 57%. Na China, o indicador dobrou somente nos últimos dez anos.Os dados fazem parte do relatório Indicadores-Chave do Mercado de Trabalho – 5ª Edição, divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo o documento, o valor agregado por trabalhador (que mede quanto cada empregado acrescenta na etapa de produção) no Brasil caiu de US$ 15,1 mil em 1980 para US$ 14,7 mil em 2005, queda média de 0,1% ao ano.Na China, em contrapartida, houve um salto médio de 5,7% ao ano de 1980 a 2006. Nos últimos dez anos, o valor agregado por trabalhador passou de US$ 6,3 mil em 1996 para US$ 12,5 mil em 2006, quase encostando no Brasil. Nos países do leste europeu, aponta o levantamento, o crescimento foi de 53% no período de 1996 a 2006.Brasil e China, no entanto, ainda estão muito distantes dos Estados Unidos, que continuam a liderar o ranking. A pesquisa aponta que os EUA lideram a produção por trabalhador, que passou de US$ 41,6 mil em 1980 para US$ 63,8 mil em 2006.Em segundo lugar vem a Irlanda, com US$ 55,9 mil produzidos por empregado. Na comparação por hora trabalhada, porém, quem lidera é a Noruega, com US$ 37,99 pagos por hora, contra US$ 35,63 nos Estados Unidos.Segundo o relatório, a produtividade por trabalhador caiu de 1980 a 2005 em metade dos países da América Latina. Em 2005, cada venezuelano produziu o equivalente a 42% do que um trabalhador produziu nos Estados Unidos. Em 1980, a proporção era de 77%.Em contrapartida, as economias do leste da Ásia, apesar de terem níveis de produtividade mais baixos que os dos países latino-americanos, mostraram significativas melhoras na comparação com os países desenvolvidos. Apenas na Coréia do Sul, o crescimento no valor agregado por trabalhador foi de 4,8% ao ano. Em 2005, o trabalhador coreano produzia o equivalente a 68% do empregado norte-americano, contra 28% em 1980.Na comparação com os Estados Unidos, a produtividade brasileira registrou queda ainda mais expressiva, passando de 36,5% do obtido pelos norte-americanos, em 1980, para 23,5%, 25 anos depois. Conforme o relatório, a produtividade na economia brasileira aumentou apenas nos setores de agricultura, pesca e atividades florestais, com crescimento médio de 3,6% ao ano, saindo de US$ 2,3 mil em 1980 para US$ 5,7 mil.Na indústria, a produção por empregado no Brasil caiu de US$ 7,1 mil para US$ 5,9 mil entre 1980 e 2005. Isso representa apenas 5% do nível de produtividade industrial dos Estados Unidos. Em 1980, essa proporção estava em 19%. “O diferencial do crescimento dos Estados Unidos em relação à maioria das outras economias deveu-se ao grande parque industrial produtor de tecnologias de comunicação e informação nesse país”, ressaltou o relatório da OIT.O pior desempenho do Brasil foi registrado no setor de comércio (que inclui hotéis e restaurantes). Por causa da concentração de novas tecnologias e modelos de negócios nos países desenvolvidos, a produtividade por empregado brasileiro nessa área caiu 3,4% ao ano entre 1980 e 2005, passando de US$ 3,9 mil para US$ 1,7 mil em pouco mais de duas décadas. Na área de transporte e comunicações, a queda nesse período foi de 1,1% ao ano.