Peças feitas por grupo produtivo da comunidade da Maré são expostas em Madri

01/09/2007 - 13h19

Thaís Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Algumas das peças confeccionadas por artesãs da comunidade da Maré, zona norte do Rio de Janeiro, foram levadas para a 58ª edição da Semana Internacional de Moda de Madri (SIMM), na Espanha. Durante o evento, realizado até este domingo (2), estão em exposição bolsas, carteiras, porta-níqueis entre outros.As artesãs integram o grupo produtivo Marias Maré, criado há três anos como alternativa de geração de renda a moradoras dessa comunidade popular do Rio de Janeiro. A representante Fátima dos Santos explica que a idéia de unir as habilidades surgiu após participarem de uma oficina de artesanato promovida pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em 2002.“Se a gente aprendesse as técnicas, mas trabalhasse sozinha seria muito mais difícil conseguir alguma coisa. Por isso, nos unimos e formamos o Marias Maré. Hoje, além de trabalharmos na confecção das peças, também capacitamos outras moradoras da comunidade”, afirmou.Segundo Fátima, as oficinas acontecem no espaço da organização não-governamental (ong) Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré. Para trabalhar, elas contam com equipamentos doados por membros da própria comunidade. Embora ainda não seja possível contabilizar lucros com a venda das peças, o grupo liderado por Fátima traçou metas objetivas para o futuro.“Daqui a cinco anos, esperamos ampliar o número de artesãs que integram o grupo. Hoje, somos oito, mas queremos chegar a vinte. Além disso, queremos que neste mesmo período seja possível a cada uma de nós retirar pelo menos dois salários mínimos. Por enquanto estamos nos organizando e lutando para colocar nossas peças no mercado, o que é muito difícil”, disse ela.Para confeccionar os produtos, as integrantes do Marias Maré utilizam imagens da comunidade, que fazem parte do acervo do Museu da Maré. Para a socióloga Edna Del Pomo, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), este tipo de projeção ajuda a resgatar a identidade de comunidades marcadas pela violência e por um histórico de dificuldades sociais.“A superação pessoal e comunitária que esse tipo de iniciativa permite representa uma valorização muito grande da identidade social. Comunidades que costumam aparecer na mídia em casos de violência e de criminalidade têm a chance de conquistar visibilidade através do esforço criativo, do desenvolvimento da arte. Isso motiva e eleva a auto-estima das pessoas”, afirmou.Além das peças do Marias Maré, outros seis grupos produtivos de comunidades populares do Rio de Janeiro, também apoiados pelo Sebrae, participam da Semana Internacional de Moda de Madri. Eles integram os projetos de Empreendedorismo Social promovidos pela organização.