Antonio Arrais
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em pouco mais de 13meses, os 5.561 municípios brasileiros realizaram eleiçõespara a escolha de prefeitos (e vice-prefeitos eleitos sem voto) evereadores. Essas eleições começam a movimentar,no plano mais amplo e nacional, interesses entre deputados federais esenadores, que já começam a articular pré-candidaturasdentro dos partidos e uma participação mais pessoal emdeterminados municípios.Essas candidaturas terãoreflexo direto na formação da Câmara dosDeputados na sessão legislativa que começa em 1ºde fevereiro de 2009, devido à participação dossuplentes - uma vez que aqueles que forem eleitos prefeitos ouvice-prefeitos terão que renunciar a seus mandatosparlamentares para assumir os novos cargos executivos.Segundocálculos do cientista político Geraldo Tadeu Monteiro,professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), um emcada quatro dos 513 deputados federais é pré-candidatoa prefeito ou vice-prefeito. Isso significa que, pelo menos, 133deputados federais estarão envolvidos nessas eleições- que também atraem senadores, a maioria deles candidatos aprefeituras de capitais.Para Monteiro, as manifestaçõespúblicas de pré-candidaturas levam a crer que as urnasdevem atrair mais os governistas.“Só no PT,praticamente um terço dos 81 deputados está de olho emalguma prefeitura. No PCdoB, o gabinete municipal é cobiçadopor dez dos seus 13 representantes na Câmara, enquanto aoposição já contabiliza 40pré-candidaturas".Em entrevista concedida àRádio Nacional, nesta semana, o cientista políticocomentou como fica a representação parlamentar federal,levando em conta as pré-candidaturas de deputados federais eaté mesmo de senadores às eleiçõesmunicipais do próximo ano.“Em termos de suplência,o senador é substituído automaticamente pelos seussuplentes, mas no caso do deputado federal, vai para seu lugaraqueles imediatamente colocados nos primeiros lugares da suplência,uma pessoa que obteve um determinado número de votos apenasinferior ao titular”.Para o professor, no caso dosdeputados não deve haver prejuízo representativo,porque quem vai assumir é alguém que teve um expressivonúmero de votos, enquanto o suplente do senador nãoteve voto algum. “Acho que essesistema de suplência dos senadores deveria ser revisto, paranão criar os vínculos que assistimos, que sãomuitas vezes ligações pessoais ou até mesmo deparentesco entre o senador e os seus suplentes".Sobre apossível influência das eleiçõesmunicipais sobre a eleição nacional, dois anos depois,o professor afirmou que esse processo tem uma dinâmicaprópria, assim como as eleições gerais."Naseleições municipais o que está em foco sãoquestões locais, são elites locais que disputamcontrole e, muitas vezes, conseguem passar ao largo dos grandesproblemas nacionais".Ele lembrou que o interior, aspartes rurais mais afastadas, não participam muito diretamenteda dinâmica das grandes discussões nacionais. Mas asmesmas eleições municipais nas grandes capitais, nasgrandes regiões metropolitanas, tendem a ter uma dinâmicamais nacional, porque muitas vezes se candidatam a prefeito pessoasde expressão nacional e as eleições municipais,nesse caso, ganham grandes contornos nacionais."Exemplodisso é o caso de José Serra, em São Paulo,prefeito eleito depois de perder a eleição quando doprimeiro mandato do presidente Lula".Para Monteiro, essadinâmica das eleições municipais tambémpode projetar, dois anos depois, candidaturas de deputados federaisou mesmo de governador, pelos acordos que serão feitos nesseespaço de tempo entre as duas eleições."Portanto, posso considerar que existe, sim, umainfluência da eleição municipal sobre a nacional,principalmente nos estados mais rurais, onde o interior é maisimportante, embora essas duas eleições tenham dinâmicasmuito diferentes".