Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A greve de médicos em estados do Nordeste, nos últimos meses, demonstra que um dos problemas da saúde é falta de investimentos na prevenção de doenças. Isso obriga o paciente a procurar serviços especializados, normalmente, oferecidos por hospitais particulares conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS).
A avaliação é do presidente do Conselho Nacional de Saúde, o farmacêutico Francisco Batista Junior. Ele participou ontem (29) da abertura do Seminário Nacional de Atenção à Saúde da Mulher.
"O povo brasileiro está pagando o preço pela irresponsabilidade da adoção de um modelo de atenção à saúde voltado para os hospitais particulares”, disse Batista Junior.
Segundo ele, os hospitais conveniados ao SUS oferecem a maior parte dos serviços de alta complexidade como cirurgias e sessões de hemodiálise. Nesse último caso, quase a totalidade do atendimento é feito por clínicas particulares.
Para desvincular a Saúde dos serviços privados, Batista Junior disse que não adianta aumentar o valor da tabela de procedimentos do SUS - principal reivindicação dos médicos em greve. “Somos reféns da visão mercantilista da exploração da doença, por mais esforço que o governo faça”.
Na opinião de Batista Junior, outra vítima do “mercantilismo” da saúde são os profissionais associados às cooperativas, “derrotados ideologicamente por abrir mão dos direitos trabalhistas”. Para ele, a culpa pela criação desse modelo é do Estado, que não promoveu a valorização dos trabalhadores.