Luiza Bandeira
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O processo de concessão de patrocínio para atletas com deficiência está "engatinhando" no país, avaliou hoje (15) o chefe da Missão Brasileira nos Jogos Parapan-Americanos, Alberto Martins.Para ele, o empresariado e sociedade ainda não têm o nível de informação suficiente para investir no esporte paraolímpico. A falta de investimento, segundo Martins, está relacionada também com a pouca exposição, uma vez que não são realizadas muitas competições paraolímpicas no Brasil."Acho que esse vai ser um dos grandes legados do Parapan. Quando você mostra esse produto, a potencialidade das pessoas com deficiência, as empresas começam a investir".Martins - que também foi chefe da Missão Brasileira nos dois últimos Jogos Parapan-Americanos e nas duas últimas edições das Olimpíadas - diz que houve uma mudança na postura das empresas. Segundo ele, muitas patrocinavam atletas paraolímpicos como uma forma de filantropia. "Hoje, elas investem em um excelente produto de marketing".A opinião dele é partilhada pelo presidente da Associação Brasileira de Marketing e Negócios, Dudu Godoy. "As empresas fazem conta, não é mais filantrópico. Quando você faz o filantrópico, você põe o sentimento sem se importar se isso vai dar retorno. Hoje as empresas querem agir com razão também".De acordo com ele, pesquisas mostram que há retorno financeiro imediato a empresas que patrocinam atletas paraolímpicos. O publicitário também afirma que as empresas não têm mais o receio de associar sua imagem a de uma pessoa com deficiência, como acontecia anteriormente.Na avaliação dele, não é possível dizer que o número de patrocínios vai crescer depois do Parapan. "Acho que as portas vão se abrir, você tem mais facilidade de chegar com uma proposta de patrocínio depois disso. Mas o que vai contar é você fazer uma boa proposta, consistente, com planos".Entre os atletas que contam com patrocínio individuais de empresas privadas está o nadador Clodoaldo Silva, que hoje (15), na prova dos 200 metros livres, bateu o recorde mundial pela terceira vez nesta edição do Parapan.Clodoaldo atribui os resultados aos patrocinadores (Firjan e Nutriday), que permitiram que ele se mudasse para o Rio de Janeiro para treinar."A natação é um esporte individual, mas eu preciso de toda uma estrutura para me manter. Não é que seja fácil chegar ao topo, mas é muito mais difícil se manter. É graças a essa estrutura de equipe que eu consigo melhorar cada dia mais minhas marcas".Atualmente, cerca de metade dos atletas que estão nos jogos recebe recursos do programa Bolsa Atleta. Eles contam também com patrocínios públicos, como da Caixa Econômica Federal, que desde 2005 patrocina atletas por meio do programa Loterias Caixas Atletas Alto Nível.