Haddad defende direito de greve, mas pede reflexão

15/08/2007 - 15h25

Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Educação, Fernando Haddad, pediu hoje (15) que as categorias profissionais, principalmente as que lidam com os direitos fundamentais do cidadão, reflitam antes do anúncio de uma greve. "A greve é um direito constitucional, é um direito assegurado ao trabalhador. Nós defendemos esse direito em qualquer hipótese. Contudo, entendemos que o uso desse expediente deve passar por uma reflexão mais cuidadosa. Não usá-lo imediatamente em qualquer disputa que se tenha, mas primeiro sentar à mesa de negociação, exaurir todos os meios de negociação antes de levar a categoria a uma paralisação que prejudica o direito da criança de aprender", disse Haddad em entrevista a emissoras parceiras da Radiobrás, ao responder sobre a greve nas instituições federais de ensino.  Desde 28 de maio servidores técnico-administrativos de 46 instituições federais de ensino superior estão em greve. O governo já anunciou que deve enviar ainda este mês ao Congresso Nacional um projeto para regulamentar o direito de greve no serviço público.Haddad acredita que muitas vezes existe boa vontade de negociação, mas a greve é deflagrada por falta de comunicação. "Imagino que temos que criar um ambiente um pouco melhor de diálogo e de comunicação. Penso que está faltando a criação desse ambiente para que a greve seja um expediente de último caso, e não, como muitas vezes acontece, que a greve seja a primeira medida que a categoria toma para defender seus direitos", afirmou o ministro. Ele ressaltou que a educação é um direito fundamental do brasileiro e classificou com "muito grave" o fato de a criança não poder assistir aula por causa de greve. "A criança não ter direito a ir para à escola é uma situação muito grave. Não é uma situação que pode ser classificada como normal. Uma coisa é uma greve que prejudica o dono de uma empresa. Quando você suspende a produção de uma mercadoria, você prejudica os acionistas de uma empresa. Agora, quando você suspende um serviço essencial de caráter público, você não está prejudicando o empresário, você está prejudicando um cidadão, que deve ter seus direitos assegurados", afirmou. O ministro reconheceu, no entanto, que a situação é "delicada", já que na maioria dos casos os trabalhadores têm reivindicações legítimas.