Universidade Federal do ABC adotou cota social com subcotas raciais definidas

29/07/2007 - 13h51

Renato Brandão e Gabriel Corrêa
Da Agência Brasil
São Paulo - Inaugurada no ano passado, a Universidade Federal do ABC paulista (Ufabc) oferece 1,5 mil vagas para seu único curso de Ciência e Tecnologia, que habilitará os estudantes a 17 escolhas finais de aperfeiçamento e bacharelato. Metade das vagas foi definida como uma cota sócio-econômica para secundaristas de escolas públicas, com cotas étnicas para estudantes negros e índios.O critério adotado para as cotas foi a participação desses dois grupos dentro da população da Grande São Paulo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 27,2% de negros e pardos (204 vagas) e de 0,25% de indígenas (duas vagas). Como mérito de entrada, dentro ou fora das cotas, o estudante tem de acertar ao menos metade das questões na primeira fase e não tirar zero em nenhuma prova da segunda etapa.Em entrevista à Agência Brasil, a vice-reitora de graduação da Ufabc, Adelaide Faljoni-Alário, explicou que no único vestibular realizado, foram feitas e divulgadas duas listagens com os aprovados da cota para egressos do ensino público e do vestibular geral. As listas não continham a pontuação de cada aluno, que é informada apenas individualmente. Após ingressar na instituição, não há registro de diferenciação entre os alunos da Ufabc que entraram por escola pública ou particular. A universidade não realizou avaliação pedagógica em separado dos alunos da cota pública.Faljoni-Alário explica que os critérios para a criação dessa forma de cota foram extraídos do Projeto de Lei 73/99, que foi incorporado à proposta que aguarda votação na Câmara. Segundo a pró-reitora, essa lei, nos moldes em que está, se aplicará somente às faculdades e universidades federais. “Nos antecipamos à lei, por sermos uma universidade nova. Não tinha nem conselho universitário, nem conselho de ensino e pesquisa, era um grupo pro-tempore dirigente”, explicou.De acordo com a assessoria de imprensa da universidade, a UfABC abriu e mantém até o dia 27 deste mês as inscrições para pedir isenção da taxa do vestibular que é de R$ 95. Dos 12 mil candidatos do ano passado, cerca de 30% obtiveram a isenção.As provas serão realizadas em agosto e setembro e as aulas da nova turma começarão no ano que vem. Estudantes de baixa renda podem se inscrever para a bolsa do Ministério da Educação, mas não há vinculação entre esse programa de bolsa e as cotas. A ajuda é de R$ 300 mensais e é reavaliada trimestralmente, pois depende também do patamar mínimo de desempenho do aluno no curso.Sobre a aceitação do sistema, a vice-reitora diz que não foi homogênea. “Recebemos mais críticas em relação às [cotas para] etnias. Em relação a ter 50% das vagas, não tivemos quase reclamação, mas de etnia, sim. Os telefonemas vieram das pessoas que não querem as etnias, querem só as sócio-econômicas”, explicou Adelaide Faljoni-Alário.