Universidade Federal de São Carlos iniciará cotas sociais e raciais em etapas

29/07/2007 - 17h16

Renato Brandão
Da Agência Brasil
São Paulo - Para corrigir a queda proporcional de ingresso de alunos da rede pública em seu quadro de estudantes, a Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) decidiu adotar a partir do seu próximo vestibular um sistema de reserva de vagas baseado em critérios socioeconômicos e étnico-raciais.Depois de um debate interno iniciado em 2004, a única instituição federal no interior paulista criou o Programa de Ações Afirmativas. O projeto tem como meta disponibilizar até metade de suas 1.450 vagas a estudantes egressos do ensino médio de escolas públicas num prazo de dez anos. Desse percentual, 35% das vagas serão destinadas a alunos que se autodeclararem negros e pardos. Haverá também uma vaga a mais por curso reservada para estudantes indígenas.“Detectamos que na nossa universidade, ao longo do tempo, a quantidade de estudantes oriundos de escolas públicas, aqueles que são economicamente desfavorecidos, vem se reduzindo”, afirmou Oswaldo Baptista Duarte Filho, reitor do campus São Carlos. “Também verificamos que os negros têm uma participação muito pequena dentro da nossa universidade”, completa.Duarte Filho ressalvou que a universidade possui alunos vindos de escolas públicas, mas eles se concentram mais em alguns cursos, o que levou a UFSCar a optar por quotas em cursos e não de forma geral. “Inicialmente, serão reservadas 20% das vagas para estudantes de escolas públicas, a partir do próximo vestibular até o de 2009. De 2010 até 2013 esse percentual sobe para 40%, e de 2014 a 2016 para 50%. “Em 2017, a universidade reavaliará todo o seu programa de ação afirmativa”, afirmou Duarte Filho.De acordo com o reitor, um estudante que tenha o perfil da reserva poderá optar por disputar as vagas reservadas e também as da reserva étnica. “As 80% das vagas serão preenchidas seqüencialmente [pela classificação geral]. Dentro destes 80% faremos um levantamento de quantos entraram das escolas públicas ou das etnias. Se for atingido o percentual, serão chamados candidatos pela ordem de classificação. Senão, ele passa a chamar da lista de reserva de vagas”, explica.A assessoria de imprensa da UFSCar informa que a tabulação completa dos dados do último vestibular ainda não foi concluída, mas a participação de alunos egressos do ensino médio público nos exames foi considerada baixa (7.284 alunos, 24,6% do total), dos quais 268 matricularam-se (20,11%). Em 1994, 45% das vagas da UFSCar eram preenchidas por alunos do ensino médio público. “Essa taxa [de alunos matriculados oriundos de escolas públicas] vem caindo nos últimos anos. Foi isso que nos alertou a criar ações mais efetivas”, afirmou Duarte Filho.Além das quotas social e raciais a partir do ano que vem, a universidade concede isenção de taxas em seu vestibular e mantém um curso pré-vestibular  para alunos carentes da região de São Carlos, com salas de aula em diferentes bairros.A UFSCar foi fundada em 1968. Além do campus em São Carlos, a UFSCar também tem outros dois campi em Araras (171 km da capital) e Sorocaba (87 km da capital). São 7.225 vagas na graduação. Atualmente, a universidade oferece 1.450 vagas por ano em seu vestibular, mas com a criação de três novos cursos, este número chegará a 1.600.