Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Vestidos de pretos e segurando flores, bandeiras do Brasil e faixas de protesto, familiares de vítimas do acidente com o avião da TAM fizeram hoje (29) uma caminhada pelas ruas de São Paulo cobrando respeito, justiça e soluções do governo e das companhias aéreas. A manifestação começou por volta das 9 horas da manhã no Parque do Ibirapuera e terminou por volta das 12h30, em frente ao prédio da TAM Express, onde houve orações, minutos de silêncio e onde os manifestantes - alguns chorando - cantaram o Hino Nacional.A manifestação foi organizada por diversas entidades não-governamentais, que solicitaram que nenhuma bandeira de partido político estivesse presente na caminhada. Em vários momentos, houve críticas contra o governo federal. Sérgio Morisson, um dos idealizadores da manifestação e organizador da campanha "Rir para não chorar", afirmou não ter parentes ou amigos entre as vítimas, mas ter “comprado a dor” dos familiares. “Eu quero esse país diferente porque do jeito que está, não dá para continuar. A sociedade precisa ter atitude e aqui está o exemplo”.Morisson disse ter procurado várias associações, como a Associação Brasileira de Parentes de Vítimas de Acidentes Aéreso (Abrapavaa), a Casa do Zezinho, a Fundação SOS Mata Atlântica, a Informado e Atuante (Cria Brasil), entre outras, para organizar a manifestação de hoje, que pretende ser um movimento não-partidário. “É um movimento da sociedade. Está sendo exatamente a nossa voz que está ecoando”, afirmou. “Quem tem poder nesse país é a sociedade”.Além de familiares e das entidades, o movimento também atraiu pessoas em solidariedade às famílias, como a advogada Bia Galhardi. “Estou aqui em solidariedade pelas vítimas e clamando por respeito dos nossos governantes em tomar uma atitude efetiva com relação a todos esses acontecimentos dos últimos tempos”, afirmou à Agência Brasil. Para ela, o movimento de hoje, que atraiu cerca de 7 mil pessoas, segundo os organizadores, pode ser a base para novas mudanças no país. “Daqui, se Deus quiser, vai crescer um movimento para mudar esse país e para acabar com a impunidade”.O cantor Seu Jorge, que puxou a manifestação no caminhão de som, solicitou respeito das autoridades e empresas à população. “Chega! Nós queremos a cabeça dessa gente. A gente não vai aturar mais isso não. Nós somos a sociedade brasileira”, afirmou. “A gente quer uma solução e uma resposta do setor e da gestão administrativa desse país. Agora”.Renata Papa, cunhada de Pedro Caltabiano, uma das vítimas do acidente junto ao irmão João Caltabiano, acredita que a manifestação tenha sido importante para que os governantes “tomem consciência e deixem de pensar neles mesmos para começar a pensar no bem comum do povo”. De acordo com ela, a solução para os problemas no setor aéreo e, principalmente, para o acidente, são “justiça e punição para os governantes e todos os responsáveis por esse tipo de acidente”.