Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um grupo de índiosdas etnias Tupinikim e Guarani ocupa desde a manhã de hoje (24) umaárea onde estão plantados eucaliptos da AracruzCelulose no município de Aracruz (ES). E no norte doestado, quilombolas retomaram uma área florestal da empresa na localidade de Linharinho, no município de Conceiçãoda Barra.As informações foram divulgadas por lideranças dos dois grupos que realizaram as ações. A Aracruz confirma a ocupação dos quilombolas, mas afirma que ainda não tem informação sobre o ocorrido em Aracruz e vai se manifestar posteriormente.O cacique Toninho,da aldeia Guarani de Boa Esperança, garante que a áreade 11 mil hectares não é da empresa Aracruz e jáfoi reconhecida pela Fundação Nacional do Índio(Funai) como território indígena. “Nós estamosaqui ocupando o território e fechando as entradas para quenenhum desconhecido entre na área”, afirmou à Agência Brasil.Segundo ele, cerca de 500 pessoas estão no local desde a manhãde hoje e pretendem permanecer por tempo indeterminado.Em nota divulgadapelo Conselho Indigenista Missionária (Cimi), as liderançasindígenas afirmam que serão organizados mutirõespara reconstruir aldeias. “Ergueremos casas e faremos plantios dealimentos e de mudas nativas para reflorestar nossas terras”.Os índios tambémpretendem paralisar o corte de eucaliptos como demonstraçãode "vontade de colaborar para uma solução rápidae pacífica do problema", segundo a nota. O grupo reclama da demora do governofederal para solucionar a questão e ameaça intensificaras ações caso não haja um posicionamento rápido.Ascomunidades quilombolas que invadiram a reserva emConceição da Barra estão pressionando para conseguir a demarcação da áreaque consideram sua. Umadas lideranças do movimento, Maria Aparecida Marciano, diz queestudos antropológicos já demonstraram que as terras pertenciam aos antepassados destas comunidades.Segundo ela, a área reivindicada pelos quilombolas é de9,5 mil hectares.“O nosso objetivo é acelerar o processo de demarcação de terras em todo o território de Sapê do Norte, começando pela comunidade de Linharinhos, que é uma das primeiras do Brasil”, afirma Marciano, garantindo que a retomada das terras é por tempo indeterminado.O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) diz que o processo para regularização fundiária da área está em curso, mas lembra que todas as atividades estão paradas por causa da greve dos servidores do órgão, que já dura dois meses.A Aracruz alega que a área ocupada pelos quilombolas é de propriedade da empresa e que irá buscar na Justiça a garantia de seus direitos. Em nota, o diretor jurídico da Aracruz, José Luiz Braga, diz que a empresa está contestando administrativamente todo o processo que reconhece o território quilombola, inclusive a portaria que garante aos descendentes de escravos 9.542,57 hectares na região de Linharinho.