OMC continua sendo prioridade para Brasil e União Européia

04/07/2007 - 22h32

Mylena Fiori
Enviada especial
Lisboa (Portugal) - Brasil e UniãoEuropéia trataram de deixar claro ao mundo que a parceriaestratégica que será firmada entre as duas regiõesnão significa uma opção pelo bilateralismo.Hoje, em Lisboa, chefes de Estado e de governo das duas regiõesreiteraram inúmeras vezes que a Rodada Doha continua sendoprioridade e enfatizaram a urgência de um retorno àmesa de negociações na OrganizaçãoMundial do Comércio.. As conversas chegaram a um impasse apósa reunião do G4 na Alemanha, no mês de junho. Naocasião, Brasil, Índia, Estados Unidos e UniãoEuropéia interromperam o diálogo por considerareminsatisfatórias as ofertas de ambos os lados.“Nãohá substituto para um sistema multilateral de comércioforte, baseado em regras estáveis e eqüitativas”,afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante aCúpula Empresarial Brasil-União Européia. Depois, durante a Cúpula política entre, voltou aafirmar: “Não podemos aceitar que o atual impasse continue.Estaríamos colocando em xeque o sistema multilateral decomércio como um todo, com prejuízos enormes para ospaíses mais pobres”, afirmou durante a CúpulaBrasil-União Européia, na presença do presidenteda Comissão Européia, José Manuel DurãoBarroso, e do primeiro-ministro português, JoséSócrates.O presidente da Comissão Européia,Durão Barroso, também falou sobre o comprometimento como sucesso da Rodada aos empresários e em coletiva de imprensaapós a Cúpula política. “Quero dizer que nós,da União Européia, não desistimos de Doha”,afirmou no primeiro encontro. “A Rodada Doha não éapenas de comércio, mas é de ajuda aos paísesmenos avançados“ disse em eco com o presidente Lula..Depois, reafirmou aos jornalistas: “É possível,ainda, salvar Doha. A Comissão Européia e a UniãoEuropéia querem salvar Doha”.Num ímpeto deotimismo, o primeiro-ministro português, José Sócrates– que nos próximos seis meses estará à frentedo Conselho de Ministros Europeus – chegou a dizer que o encontrode dois dos principais atores da Rodada, em Lisboa, representa orelançamento das negociações na OrganizaçãoMundial do Comercio. “Este encontro permitiu relançar asnegociações e continuá-las”, afirmou JoséSócrates. “Nem uma parte nem outra desistem de continuar atentar que um equilíbrio seja alcançado e que oresultado seja benéfico para uma regulaçãoequilibrada e justa da globalização”,destacou.Apesar da disposição para continuarnegociando, o presidente Luiz Inácio Lula da SilvaAvisou que os paísesem desenvolvimento não firmarão acordosdesequilibrados, como ocorreu em negociações anterioresda OMC. “Para que essa seja efetivamente uma Rodada para oDesenvolvimento, não podemos, como nas rodadas anteriores,privilegiar a liberalização dos setores de maiorinteresse dos países altamente industrializados. Chegou a horade nivelarmos o terreno e igualar é de 70%.os as regrasaplicáveis ao comércio de bens industriais àquelasdedicadas ao comércio de bens agrícolas, que sãodo interesse de grande parte da humanidade”, disse Lula aos lídereseuropeus.O presidente ainda mencionou, em explícitamenção ao excessivo protecionismo europeu e americano,que a agricultura emprega no máximo 2% de pessoas no campo,enquanto nos pises africanos o percentual da populaçãoque depende da agricultura. “Se não levarmos isso em conta,certamente teremos dificuldades de fazer acordo”, afirmou durante oencontro com empresários brasileiros e europeus.