Merenda escolar poderia ser enriquecida e incluir alimentos regionais, defende coordenador

04/07/2007 - 13h14

Kelly Oliveira
Enviada especial*
Fortaleza - A merenda escolar poderia ser mais enriquecida com alimentos da cultura regional, se as escolas pudessem comprar alimentos de produtores rurais. Essa é a opinião do coordenador do Programa  Municipal de Alimentação Escolar de Fortaleza, Carlos Vasconcelos. Segundo ele, atualmente a legislação impede a comprar dos produtores locais, "em virtude da Lei de Licitações”.Vasconcelos defende a mudança na legislação permitiria comprar alimentos de pequenos agricultores, o que fortaleceria a economia local, e estimularia a introdução de alguns alimentos regionais, como rapadura e galinha caipira, apesar de os alunos do ensino fundamental de Fortaleza já contarem com alguns alimentos regionais como, baião de dois e cuscuz com frango ou charque, por exemplo.O coodenador afirmou ainda que por meio de um convênio com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a prefeitura recebe gratuitamente peixe e mel. Outra estratégia para enriquecer a alimentação e estimular o interesse pelas plantas são as hortas nas escolas municipais. Segundo a nutricionista das escolas da rede municipal, Geórgia Tereza Freitas, foi trocado temperos industrializados pela produção das hortas, que também conta com plantas medicinais.A nutricionista contou ainda que a merenda escolar é balanceada: “O alimento é balanceado, atendendo a s necessidades de proteínas, carboidratos e lipídios. Estamos fazendo um trabalho de educação nutricional para melhorar o hábito das crianças”, disse a nutricionista.O diretor da Escola José Valdivino de Carvalho, Márcio Machado, afirmou ainda que por meio da horta os estudantes aprendem a pesquisar sobre as plantas. “O currículo que preparamos contempla visitas à horta. Eles pesquisam nomes científicos das plantas e a utilidade”, disse Machado. Outra estratégia da escola para atender a necessidade alimentação de qualidade das crianças é oferecimento de merenda mesmo no período das férias de julho. Segundo o diretor, a partir desse ano, os estudantes do município vão à escola nas férias para fazer também reforço escolar, além de se alimentarem. “Muitas dessas crianças estão em risco alimentar”, disse.

 
O estudante Pedro Henrique de Oliveira dos Santos, 8 anos, aprovou a idéia de ir à escola nas férias. Ele contou o que mais gosta de fazer na escola: Pintar, aprender a ler, fazer tarefa”. A alguns quilômetros da escola, no Centro de Convenções, em Fortaleza, participantes da 3ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar defendem um projeto de lei, que entre outras medidas, determina que os municípios comprem a merenda escolar por meio do Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar, o que estimularia pequenos produtores.No último dia 2, o secretário nacional de Segurança Alimentar do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Onaur Ruano, afirmou que a proposta será encaminhada ao Congresso Nacional nos próximos dias. O projeto de lei também prevê a ampliação da merenda para estudantes do ensino médio. Atualmente, a merende é distribuída para 36 milhões de crianças do ensino fundamental. A mudança atenderia a mais 8 milhões de estudantes de escolas públicas.