Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - OCentro Integrado de Protótipos, Biofármacos e Reativos paraDiagnóstico, nova unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que entrará em funcionamento em2009, vai permitir a fabricação de remédios com alto grau de tecnologiaque hoje não podem ser produzidos inteiramente no Brasil.
Osprimeiros serão a Eritropoetina HumanaRecombinante, utilizada no tratamento de anemias associadas àinsuficiência renal crônica, ao câncer e à aids, e o Interferon Alfa 2bhumano recombinante, usado no combate à hepatite e a alguns tipos decâncer.
Ambos fazem parte de umalista de 14 medicamentos de alto custo, com os quais o Ministério daSaúde gasta anualmente cerca de R$ 1 bilhão. Atualmente, as duassubstâncias já são produzidas no Instituto de Tecnologia emImunobiológicos da Fundação Osvaldo Cruz (Bio-Manguinhos/Fiocruz),Bio-Manguinhos, mas com tecnologia e insumos importados de Cuba.
Deacordo o vice-diretor de DesenvolvimentoTecnológico de Bio-Manguinhos, com o Ricardo Galler, além de possibilitar o aumento da produção, o novo centro permitirá que a fabricação dos doismedicamentos seja inteiramente nacional, reduzindo os gastos para obtenção demedicamentos de alto custo.
“Sechegarmos a bom termo na linha de alguns desses produtos que temos nalinha de desenvolvimento, poderemos reduzir esse custo pela metade.O centro vai permitir que a Fiocruz dê um salto de qualidade, produçãoe desenvolvimento no fornecimento de imunobiológicos de qualidade paraos vários programas do Ministério da Saúde e atendimento da populaçãoem geral”, destacou o pesquisador.
Naavaliação de Galler, o centro vai permitir que o tempo hoje empregadoentre a descoberta de um medicamento e sua entrada no mercado, que hojeé de quatro a cinco anos seja reduzido em um ano. No caso de vacinas, cujotempo necessário para larga utilização gira em torno de dez a 15 anos, operíodo pode ser abreviado para de cinco a dez anos.
Opesquisador afirmou que, em apenas dois meses, será possível atender,por exemplo, toda a demanda anual do Ministério da Saúde de Interferonalfa (cerca de 800 mil caixas) e a capacidade extra de produção seráutilizada para fabricar outros medicamentos. Entre eles, o Inteferonbeta, usado no tratamento da esclerose múltipla, e uma vacinanacional contra a pneumonia, que é uma das principais causas damortalidade infantil no país e no mundo. A doença hoje faz cerca de 50mil vítimas no país a cada ano.
Alémdos medicamentos, serão produzidos no centro kits de diagnósticode doenças utilizados em laboratórios e unidades do Sistema Único deSaúde (SUS).O Centro Integrado de Protótipos, Biofármacos e Reativos paraDiagnóstico será destinado ainda àprodução de lotes experimentais de medicamentos, que ainda estão emfase de pesquisa, para acelerar sua chegada à escala industrial.