Consea quer "ação mais forte" contra fome e desnutrição em populações vulneráveis

02/07/2007 - 13h25

Kelly Oliveira*
Enviada especial
Fortaleza - O presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Chico Menezes, afirmou hoje (2) que é necessária ação mais forte do governo para superar a fome e a desnutrição em populações mais vulneráveis, como negros, indígenas e quilombolas.Esse é um dos assuntos que serão debatidos na 3ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que acontece de amanhã (3) até o próximo dia seis, em Fortaleza (CE). Segundo Menezes, a morte recente de crianças indígenas por desnutrição evidencia a necessidade de buscar soluções para as populações consideradas vulneráveis.“Uma convocação que a conferência vai fazer é um enfrentamento mais forte nessa direção. Avançamos no enfrentamento da fome, mas não podemos permitir que continuem ocorrendo fatos como esse [morte de crianças indígenas]”, disse.Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2004, 52% dos negros têm algum grau de insuficiência alimentar. Já entre os brancos, 28% são atingidos por esse mesmo problema.Entre as comunidades quilombolas, segundo pesquisa do Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome, uma em cada 10 crianças de até cinco anos de idade tem desnutrição. A população indígena, também considerada vulnerável,  o baixo peso atinge a 30% das crianças com menos de cinco anos em algumas localidades, contra a média nacional de 4,6%, de acordo com a Pesquisa de Orçamento Familiar de 2004, da Funasa. Menezes afirmou que a conferência contará com a participação de representantes das populações vulneráveis, por meio de um sistema de cotas  para a participação de delegados. Do total de 1.395 delegados dos estados, com direito a voto na conferência, 285 são indígenas, negros, comunidades quilombolas e de terreiro. A conferência tratará ainda de outros temas, como soberania e segurança alimentar, alimentos transgênicos, transposição do Rio São Francisco e programas de transferências de renda.O evento vai reunir cerca de 2 mil participantes, além especialistas, representantes de governo e de organizações da sociedade civil. Há ainda convidados internacionais de 12 países.  O tema do evento é "Por um desenvolvimento sustentável com soberania e segurança alimentar e nutricional".Ao final da conferência, será produzido um documento com as propostas para a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional a ser enviado ao governo. A confrência é resultado de uma discussão que começou em 2006, com a participação de 70 mil representantes de governo e da sociedade civil em conferências municipais e estaduais sobre segurança alimentar. O evento é organizado pelo Consea e pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.