Pesquisadores da Embrapa vão estudar moléculas de peixes da Antártica

09/06/2007 - 15h51

Monique Maia
Da Agência Brasil
Brasília - A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem programada a realização, pela primeira vez, de uma pesquisa na Antártica. O estudo vai analisar as moléculas anticongelantes dos peixes da região e servirá de base para o desenvolvimento de produtos agropecuários resistentes a mudanças bruscas de temperaturas como as geadas. De acordo com o pesquisador Luciano Paulino, coordenador do projeto, a pesquisa poderá ajudar no desenvolvimento de processos que garantam a manutenção da qualidade dos materiais genéticos congelados, ainda na área da agropecuária. “A pesquisa pode ser aplicada no sentido de preservar as características de materiais biológicos que precisam ficar a baixas temperaturas sem que aconteça a formação de cristais de gelo, os quais poderiam comprometer a viabilidade de embriões de animais que possam ser futuramente utilizados”, explicou. Paulino destacou ainda que o uso de substâncias a serem desenvolvidas poderá ajudar a preservar as propriedades químicas de alimentos comercializados congelados, como o sabor e a textura. A pesquisa faz parte do Programa Antártico Brasileiro (Proantar) do Ministério da Ciência e Tecnologia, que foi criado em 1982. De acordo com a coordenadora de programas de Ciência e Tecnologia para a Antártica, Maria Cordélia Machado, o projeto é um, entre vários, que possuem aplicação para a vida das pessoas. “De um modo geral, as pesquisas na Antártica têm uma grande relevância para o cidadão brasileiro. Parece que o continente está muito distante do Brasil, mas se olharmos no mapa somos o sétimo país mais próximo. Além disso, estamos ligados tanto às correntes atmosféricas como às oceânicas. Então, o que acontece lá interfere no clima do nosso país e do mundo todo também”, lembrou. A coordenadora informou que todos os projetos relacionados ao Proantar passam por um comitê composto por cientistas, por integrantes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e vários ministérios. O Comitê Nacional de Pesquisas Antárticas (Conapa) é responsável por definir as linhas científicas que as pesquisas precisam seguir. Já o CNPq fica encarregado de lançar edital e administrar os recursos a serem aplicados nos estudos. Em 25 anos, as pesquisas brasileiras foram desenvolvidas principalmente nas áreas de biodiversidade do continente antártico e influências em relação à região costeira do Brasil; estudos oceanográficos e avaliação das correntes marítimas; fenômenos solares e suas interferências no processo de comunicação por satélite; pesquisas atmosféricas/climáticas para avaliar o efeito estufa e incidência de buracos na camada de ozônio. Desde 1991, já foram disponibilizados R$ 21 milhões para o programa, segundo a assessoria do CNPq.