Edla Lula
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As novas medidas do Banco Central para reduzir a compra de dólares pelos bancos brasileiros não conseguirão reduzir a pressão sobre o câmbio, avalia o professor da Universidade de Campinas (Unicamp), Luiz Gonzaga Belluzzo. Ele elogiou a Circular 3.353, que aumenta de 50% para 100% o requerimento de capital, ou seja, a exigência de contrapartida para que o banco possa aplicar em moeda estrangeira. Significa que se um banco for aplicar R$ 100 milhões em moeda estrangeira, terá que apresentar capital de R$ 100 milhões para realizar a operação. "Aumentar o requerimento de capital para operar no mercado de cambio é reduzir a atuação dos bancos nesse mercado, estreitar a possibilidade deles operarem e, portanto, impedir que os bancos operem no sentido de impulsionar essa tendencia de valorização do real", comentou.Ele sugere, no entanto, que as circulares sejam acompanhadas de medidas que tornem os títulos brasileiros menos atraentes. Para Belluzzo, houve uma facilitação por parte das autoridades do Tesouro no sentido de que os investidores estrangeiros tivessem estímulos a comprar papeis brasileiros em reais e isso atraiu o fluxo de dólares para país, que oferece altos rendimentos, enquanto a rentabilidade no resto do mundo é baixa."Essa medida (as circulares) é uma dentre as que precisam ser tomadas para evitar que o país sofra as conseqüências de uma enorme bolha financeira que está afetando todos os ativos do mundo inteiro que pode trazer aquela impressão de felicidade que algumas drogas trazem aos seus usuários mas depois a ressaca é brava".Outras medidas adotadas pelo BC foi a redução da exposição cambial dos bancos de 60% para 30% do seu patrimônio, e a obrigatoriedade de que os bancos contabilizem na exposição cambial as operações realizadas por suas filais no exterior.