Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Manaus - A ministra do MeioAmbiente, Marina Silva, considera que o Brasil está assumindo uma posição de vanguarda importante no mundo, mas alertou nesta semana, durante discurso na solenidade de lançamento do Centro de Excelência Ambiental da Petrobras na Amazônia, que o país "não precisa ser uma Opep[Organização dos Países Exportadores de Petróleo]dos biocombustíveis”.Ela defendeu a necessidade de o país adotar uma visão mais solidária desseprocesso: "O Brasil tem que observar a sua capacidade de suporte e produzir mediante uma visão solidária, de quem querver outras regiões e outros países também produzindoessa nova forma de geração de energia, que éa dos biocombustíveis”.Para Marina Silva,paises da África, de algumas regiões da Ásia etambém da América do Sul e do Caribe podem participar do processo. “Isto produz solidariedade, produz umanova visão civilizatória, uma visão de quem vê ascrises não apenas como uma oportunidade de ganhar dinheiro –como algumas nações já fizeram nopassado em relação às desgraçasproduzidas pela guerra”, destacou.E citou como exemplo o caso das catástrofes ambientais, que podem gerar um principio ético desolidariedade entre os povos, “porque se não formos capazesde atuar de forma fraterna e solidária, nãoestaremos dando as respostas necessárias – e é preciso ter em mente que a crise é maior e pior do que estásendo anunciada”. A ministra alertou que se o processo de aquecimento global não for revertido nos próximos 50 anos, poderá haver umaelevação "de até 46 centímetros”no nível dos oceanos, com prejuízos mais intensospara aqueles que menos contribuíram para isso.“Poderemos ter aausência material da água em várias regiõesdo planeta, principalmente na África. Poderemos afetar os ecossistemas da Amazônia. E, mas do que isso, aqueles que talvez menos contribuíram paraeste processo avassalador, como é o caso das populaçõespobres do semi-árido brasileiro, serão os maisafetados. Mas a boa nova é que nós podemos revertereste processo", afirmou. E citou o diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer, que em seu discurso havia dito que "transformar petroleiros em ambientalistas não é uma tarefa fácil". Para a ministra, "não é fácil, mas não é impossível, e se não é impossível, nós temos que tentar". Marina Silva também citou SantoAgostinho, ao afirmar que acredita nessa reversão do processo: "Se após cometer todos os pecados Santo Agostinho veio a se converter com 40 anos e foi capaz de se tornar o homem santo queserviu de base, tanto para a Igreja Católica como para aIgreja Protestante, eu também posso acreditarque as coisas difíceis não são impossíveis.Porque nós contamos com algo que é fundamental:contamos com a graça de podermos aprender pela dor, jáque não aprendemos pelo amor. Haverá uns que se mobilizam pelo coração,outros que se mobilizam pela razão”.