Renato Brandão
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Os 40 anos da Guerra dos Seis Dias serão lembrados em mesa-redonda amanhã (10), no Rio de Janeiro. O debate Israel e Palestina – 40 Anosda Guerra dos Seis Dias, na sede da organização não-governamental Associação Scholem Aleichem (ASA), no bairro de Botafogo (Rua São Clemente, 155), com entrada franca, pretende discutir os efeitos do conflitosobre as sociedades israelense e palestina e as perspectivas atuaispara a paz na região.“Esta data suscitavários tipos de abordagem. Há uma linha maisunilateral, que busca culpados. Nossa linha é mais uma procurade encontrar uma solução duradoura e pacíficapara os dois lados. A rede mundial está colocando mais ênfasenesta opção”, disse Moisés Storch, coordenador dogrupo Amigos Brasileiros do Paz Agora Brasil.Segundo Storch, que estará na mesa de debates, oencontro faz parte da campanha Dois Estados, Dois Povos e Uma Paz,iniciativa do Centro Israelense-Palestino de Informaçõese Pesquisa (IPCRI, em inglês) com apoio de ativistasisraelenses e palestinos. “Existem eventos no mundo inteiro comesta abordagem”, explicou.O Paz Agora/BR foi fundadono final dos anos 70, após uma visita do presidenteegípcio Anwar Al Sadat a Israel. O movimentopacifista organizou passeatas em defesa da devolução dapenínsula do Sinai ao Egito em troca da paz deste paíscom Israel. “A ênfase doPaz Agora/BR desde o seu nascimento é que a segurançaisraelense depende da paz com seus vizinhos árabes. E issodepende essencialmente da devolução de terras em trocadessa paz. A linha do movimento sempre foi a de devoluçãodos territórios conquistados em 1967”, acrescentou Storch.O grupo ficou famosointernacionalmente por sua luta contra a intervenção deIsrael no Líbano e pelos protestos que organizou reunindocentenas de milhares de israelenses, impulsionados pelas divulgaçãoda notícia sobre o massacre de cerca de 2 mil civispalestinos nos campos de refugiados de Sabra e Chatila, em Beirute,em setembro de 1982.Embora milícias da extrema-direita cristã do Líbano tenham sido responsabilizadas pelo massacre, havia indícios de facilitação por parte do exército de Israel, que ocupava a capitallibanesa, para a entrada de milicianos nos dois campos de refugiados. Em1985, uma comissão de inquérito judicial israelenseresponsabilizou indiretamente pelo massacre o então ministro da Defesa, ArielSharon, que acabou destituído do cargo.O Paz Agora/BR defende o diálogo com grupos palestinos. Além de atividades de educaçãopela paz e defesa de direitos humanos, o movimento tem núcleosde ativistas em países como Argentina, França, Bélgica,Estados Unidos e Reino Unido. “Na França existe uma atividade muito construtiva na interação dascomunidades judaicas e muçulmanas, especialmente na luta contra a xenofobia, que é um problema muito gravena sociedade francesa”, explicou Storch.No Brasil, hánúcleos do movimento em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, e uma lista de divulgação que alcança mais de 3 mil inscritos, de onde provêm voluntários para suas atividades. Além de Storch, participarão da mesa-redonda Bruno Lima,secretário da organização não-governamentaljudaica Habonim-Dror-RJ; Horácio Schechter, presidente da ASA, eSérgio Niskier, presidente da Federação Israelita do Rio de Janeiro. No debate, também serão exibidos trechos inéditos de entrevistas feitas pelo cineasta Sílvio Tendler com pacifistas israelenses e palestinos. Essas entrevistas estarão no próximo filme de Tendler, Utopia e Barbárie.