Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O fim da concessão pública da emissora privada Radio Caracas Televisión (RCTV) continou provocando protestos na Venezuela, tanto contra como a favor da medida do presidente Hugo Chávez. Milhares de venezuelanos marcharam nesse sábado (2) nas ruas de Caracas, capital do país, a favor da não- renovação da concessão da RCTV. Mas a saída da emissora provocou também manifestações contrárias a Chávez nos últimos dias.O governo venezuelano argumenta que não renovou a concessão da RCTV, porque o canal apoiou o golpe militar que tirou Chávez do poder por três dias, em 2001. Já para críticos, Chávez fechou a emissora, pois fazia oposição ao seu governo.Em discurso para a multidão ontem, o presidente da Venezuela falou sobre as críticas internacionais ao fim da mais antiga tevê privada do país. “A elite internacional está preocupada, porque teme que o exemplo da Venezuela se estenda a outros países, onde eles se sentem os donos de tudo”, afirmou, segundo a Agência Bolivariana de Notícias (ABN). Ele completou que não aceitará ingerência em assuntos internos da Venezuela.O presidente venezuelano não gostou de o Senado brasileiro ter aprovado documento que pede a volta da RCTV e disparou críticas contra os parlamentares . Na última sexta-feira (1º), Chávez disse, conforme a ABN, que "seria mais fácil o império português voltar a se instalar no Brasil do que o governo da Venezuela devolver a concessão, que já terminou, a uma emissora da oligarquia". Além disso, referiu-se ao Congresso brasileiro como "papagaio" dos Estados Unidos e dominado pela direita.As declarações do líder venezuelano provocaram reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que mandou o Itamaraty convocar o embaixador venezuelano no Brasil para prestar esclarecimentos. Desde que saiu do ar, no dia 29 de maio, a RCTV foi substituída pela Televisora Venezolana Social (Tves), canal estatal.