Gabriel Corrêa
Da Agência Brasil
São Paulo - Após a reunião com estudantes e funcionários da Universidadede São Paulo (USP), o secretário de Justiça do estado, Luiz Marrey, disse hoje(28) que o governo estadual quer a desocupação da Reitoria e que "o uso daforça num regime democrático para cumprir uma ordem judicial é algo normal, masgostaríamos de evitar". Perguntado sobre a data de cumprimento do mandadode reintegração de posse, Marrey respondeu que não há prazo definido. "E,se eu soubesse", acrescentou, "não iria dizer".De acordo com a reitora da USP, Suely Vilela, o pedido dereintegração de posse foi realizado pela Reitoria pois "o avanço nasreivindicações depende exatamente da desocupação da Reitori,a para que se possafazer isso num ambiente de não-pressão. Tudo está condicionado".Para a aluna do curso de história Elen Ruiz, representantedos estudantes, as negociações continuam nos próximos dias, independentementede ocorrer a desocupação ou não. Segundo o diretor do Sindicato dosTrabalhadores da USP (Sintusp), o único avanço da reunião é a possibilidadeanunciada hoje de reformulação dos decretos do governador José Serra. "Oque faz avançar uma negociação (...) são propostas concretas. Ser simplesmenterecebido por um secretário do governador sem que haja nenhum avançodificilmente muda a posição dos trabalhadores e estudantes", disse. Eletambém afirmou que cada ponto de desacordo nos decretos foi explicado à Vilelae Marrey.Uma nova questão também discutida hoje é a possívelinconstitucionalidade dos decretos do governador José Serra. Desde ontem (27), aocupação publicou na internet um artigo em que argumenta que há pontosinconstitucionais nos decretos estaduais. Para o secretário de Justiça, essaquestão deve ser debatida de outra forma. "Não basta elencar vinte pontosde inconstitucionalidade e não ingressar em juízo (...). Se eles estão dizendoque é inconstitucional, ingressem com uma ação popular e deixem o poderjudiciário decidir", disse Marrey.Também estavam presentes na reunião, que ocorreu a portasfechadas, o vice-reitor, Franco Lajolo, e órgãos estaduais de direitos humanos. Entre eles, o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana(Condepe). Segundo Rose Nogueira, coordenadora do Condepe, a proposta inicialde levar a discussão para fora do ambiente universitário foi dos estudantes.À noite, o movimento se reúne em frente à reitoria ocupadapara nova assembléia, que discutirá o encontro de hoje. Uma nova reunião será marcadapara esta semana entre estudantes, funcionários e governo estadual. Ainda não há datadefinida, que depende da agenda de Marrey. Na quinta-feira (30) deverá ocorreruma passeata com estudantes e funcionários das três univesidades paulistas(USP, Unicamp e Unesp) que seguirá da universidade até o Palácio dos Bandeirantes,sede do governo estadual.