Acesso a pílula deve ser acompanhado de planejamento familiar, alerta feminista

28/05/2007 - 21h53

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Política Nacional de Planejamento Familiar, lançada hoje (28) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está muito focada no método hormonal de contracepção, a pílula, na avaliação da secretária-executiva da Associação de Mulheres Brasileiras (AMB), Sílvia Camurça. “Isso é um risco para a saúde das mulheres, que vão poder comprar pílula sem qualquer orientação. Se você não investe no atendimento básico, de orientação ao planejamento no serviço de saúde, só com o aumento do anticoncepcional isso pode ser ruim para a saúde da mulher”, avalia Sílvia Camurça.De acordo com a nova política de planejamento familiar, as farmácias populares vão passar a oferecer anticoncepcionais com preços até 90% menores. Haverá também o aumento da oferta gratuita de contraceptivos para os postos de saúde, que vão passar a receber 50 milhões de cartelas de pílula anticoncepcional e 4,3 milhões do medicamento na versão injetável.Sílvia Camurça reclama que a política de planejamento familiar recém-lançada não faz menção ao aumento da distribuição de outros métodos contraceptivos, como a camisinha, que também previne doenças sexualmente transmissíveis."A pessoa ao invés de usar camisinha, que protege duplamente da aids e da gravidez, vai ter acesso fácil para comprar a pílula baratinha, se distrai e aí acaba não se protegendo de doenças sexualmente transmissíveis. E hoje o quadro que a gente tem de distribuição de camisinhas nos postos de saúde é precaríssimo”, afirma.Apesar das críticas, a representantes da AMB elogia o aumento dos recursos para a expansão do programa Humaniza SUS, a introdução do programa Maternidades Amigas da Mulher e o investimento nas maternidades públicas e na qualificação de profissionais em emergências obstétricas.“Do ponto de vista positivo tem os recursos do Humaniza SUS aumentando, isso pode trazer um impacto não só para a qualidade do pré-natal, do parto, e também do atendimento aos casos de abortamento. E a qualificação dos funcionários públicos da área da saúde volta a ser enfatizada no programa, o que é muito importante”, afirma. De acordo com dados do Ministério da Saúde, 84% da consultas pré-natais do Brasil são realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).